Sem perder tempo, Williams F1 leva o novo FW44 à pista

A temporada de apresentações da F1 pode ser dividida em dois grupos de equipes: aquelas que mostraram apenas a pintura de seus novos carros usando um modelo genérico como base e aquelas que expuseram seus novos carros de fato. 

Haas e Red Bull fazem parte do primeiro grupo. A Haas mostrou a pintura do VF-22 sobre um projeto ainda embrionário do carro. Tudo virtual, sem nenhum carro físico sendo apresentado. A Red Bull até tinha um carro presente fisicamente ao evento de apresentação, mas era apenas uma variação do conceito feito pela FIA no ano passado. Do RB18 mesmo, só se viu a pintura. Por terem sido as primeiras equipes a fazer suas apresentações, chegou-se a criar uma expectativa de que todos esconderiam o jogo. Felizmente, não foi isso que aconteceu. 

Depois das apresentações um tanto quanto frustrantes de Haas e Red Bull, vieram as equipes que optaram por outra linha: a Aston Martin abriu a temporada de apresentações de carros de verdade com seu AMR22. A McLaren fez o mesmo no dia seguinte com o MCL36. A AlphaTauri não chegou a mostrar o carro fisicamente, mas soltou imagens do seu AT03 definitivo. Dessas, apenas a Aston Martin levou o carro à pista até o presente momento. 

Nessa terça (15), chegou a vez da Williams mostrar ao mundo seu novo carro, o FW44. E o que se viu na apresentação transmitida ao vivo foi uma belíssima pintura azul escuro aplicada em um carro base da FIA. Nada de revelações reais. Mas a equipe inglesa demorou apenas algumas horas para desfazer a decepção e expor o FW44 verdadeiro. 

A Williams levou seu carro funcional a Silverstone, na Inglaterra, para um primeiro shakedown. A sessão teve seu início atrasado em cerca de uma hora em razão de um problema elétrico - algo absolutamente normal em um carro posto para rodar pela primeira vez, diga-se. Problema resolvido, e Nicholas Latifi foi à pista para fazer o batismo do FW44, sob chuva. 

E o carro verdadeiro traz bastante diferenças em relação ao show-car mostrado pouco antes. O bico tem um aspecto mais curvado, lembrando vagamente os carros dos anos 90 nesse particular. Notam-se diferenças também na traseira, na tampa do motor. 

Recado

A Williams atravessa anos turbulentos. Em 2019, o time chegou aos testes coletivos com atraso após o carro ficar pronto em cima da hora. O resultado foi um ano desastroso, com apenas 1 ponto conquistado. Em 2020, o time foi vendido pela família Williams, passando a ser controlado por um fundo de investimentos americano. 

Mas a crise financeira não se desfez do dia para a noite. A verba curta fez com que a Williams fosse a única equipe a não participar dos testes de pneus realizados no ano passado, em que os novos conjuntos de 18 polegadas foram experimentados. O time não tinha um carro adaptado aos novos pneus nem para usar nos testes de Abu Dhabi, em dezembro. Restou à Williams se basear apenas em dados fornecidos pela Pirelli, sem poder coletar suas próprias informações. 

Por todo esse histórico recente, a equipe faz sua preparação para 2022 cercada de desconfiança. Ser a segunda equipe a levar o novo carro à pista é importante para a Williams (terceira, se considerarmos a aparição surpresa da Alfa Romeo). Fazer seu carro ser visto em ação ainda uma semana antes dos testes coletivos não deixa de ser um recado. É uma forma de dizer “conseguimos fazer um carro, cumprimos o prazo, está tudo em ordem”. E, assim, afastar o fantasma de 2019. 

Também é um recado para potenciais patrocinadores. O FW44 tem importantes espaços publicitários vazios, como as asas e a tampa do motor. A bela pintura chama a atenção e tem sido elogiada pelo público. Um belo outdoor, sem dúvidas. Ver o carro em ação pode encorajar empresas a investirem na equipe e em sua nova direção.