Trump recebe Netanyahu e diz que Israel "honrou" cessar-fogo em Gaza
Americano diz que Hamas "pagará caro" em caso de violação da trégua na Faixa de Gaza, após recusa do grupo islamista em depor as armas. Ele também mencionou "divergências" com premiê de Israel em relação à Cisjordânia.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que ele e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegaram a "muitas conclusões" durante uma reunião entre ambos nesta segunda-feira (29/12) na Flórida.
Trump recebeu Netanyahu em seu resort de Mar-a-Lago, em Palm Beach, e elogiou a atuação do governo israelense durante a implementação do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que entrou em vigor em outubro.
O americano afirmou que Israel honrou o plano de cessar-fogo no enclave palestino, apesar de inúmeros relatos de ataques israelenses em Gaza após o início da trégua.
"Não estou preocupado com nada que Israel esteja fazendo", disse Trump, ao lado de Netanyahu. "Estou preocupado com o que outras pessoas estão fazendo ou talvez não estejam fazendo. Mas não estou preocupado [com Israel]." "Eles cumpriram o plano."
Trump alertou que o Hamas sofrerá graves consequências se não se desarmar rapidamente como previsto no acordo, o que o grupo islamista vem se recusando a fazer.
"Se eles não se desarmarem como concordaram em fazer, então pagarão caro", disse Trump na coletiva de imprensa conjunta com Netanyahu. "Eles têm que se desarmar em um período relativamente curto de tempo."
Trump disse ainda que ele e Netanyahu não concordaram totalmente sobre a questão da Cisjordânia ocupada por Israel, mas não especificou qual era a divergência. "Temos tido uma discussão, uma longa discussão, sobre a Cisjordânia. Eu não diria que concordamos 100% sobre a Cisjordânia, mas chegaremos a uma conclusão sobre a Cisjordânia", afirmou a repórteres.
O americano aproveitou para lançar novas ameaças ao Irã , caso o país tente se rearmar, meses após os ataques americanos e de Israel contra a República Islâmica. "Espero que eles não estejam tentando se reabastecer, porque se estiverem, não teremos outra escolha a não ser erradicar esse acúmulo muito rapidamente", disse o presidente.
Indulto a Netanyahu segue incerto
O gabinete do presidente de Israel, Isaac Herzog, negou que tenha conversado com Trump sobre a possibilidade de conceder um indulto a Netanyahu, acusado de corrupção, desde que o pedido foi protocolado pelo premiê israelense há algumas semanas.
Segundo o gabinete, Herzog conversou com um representante de Trump e explicou que qualquer decisão seria tomada de acordo com os procedimentos estabelecidos. Pouco antes, Trump disse ter conversado com Herzog, que teria lhe dito que o indulto estava "a caminho".
Em 30 de novembro, Netanyahu apresentou um pedido de indulto, argumentando que as frequentes audiências judiciais às quais precisa comparecer prejudicam sua capacidade de governar e que a clemência serve ao interesse nacional.
Netanyahu, o primeiro premiê israelense em exercício a ser acusado de um crime, nega as acusações de suborno, fraude e quebra de confiança que enfrenta desde 2019.
Hamas se recusa a depor as armas
Pouco antes do encontro na Flórida, o braço armado do Hamas, as Brigadas Al-Qassam afirmou que se recusa a entregar suas armas.
Em mensagem de vídeo, o grupo confirmou a morte de seu porta-voz de longa data, meses depois de Israel ter anunciado que ele havia sido morto em um ataque aéreo em Gaza em 30 de agosto. Na declaração, também foram confirmadas as mortes de outros quatro comandantes do Hamas em ataques israelenses durante a guerra contra Israel.
"Nosso povo está se defendendo e não entregará suas armas enquanto durar a ocupação", disse o novo porta-voz do grupo, que adotou o nome de guerra de seu antecessor, Abu Obeida.
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, disse que Netanyahu discutirá a segunda fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, que inclui garantir que "o Hamas seja desarmado e Gaza seja desmilitarizada". O novo Abu Obeida, em vez disso, defendeu o desarmamento de Israel.
"Conclamamos todas as partes a trabalhar pelo desarmamento das armas letais da ocupação, que foram e continuam sendo usadas no extermínio do nosso povo", afirmou.
rc (Reuters, AFP)