PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

'Patinetes são mais convenientes que bicicletas', diz presidente da Spin

Fundador de startup de patinetes elétricos, Euwyn Poon virá ao Brasil para evento do StartSe; executivo aposta em variedade de empresas no setor, como na aviação civil

24 ago 2018 - 05h12
Compartilhar
Exibir comentários

Se aqui no Brasil as startups de patinetes elétricos ainda aguardam autorização de prefeituras para rodar seus modelos de negócios por aí, nos EUA eles já são uma febre. Euwyn Poon, presidente executivo da Spin, tem parte na culpa disso: hoje em 18 cidades do país, incluindo Los Angeles, São Francisco e San Diego, a empresa é um dos principais nomes desse mercado, que promete revolucionar a mobilidade urbana nos próximos anos.

Fundada em 2017, a Spin nasceu como uma empresa de bicicletas compartilhadas, inspirada nos exemplos chineses de Ofo e Mobike. Em poucos meses, porém, a startup decidiu apostar nos patinetes elétricos. "Eles são mais convenientes e fáceis de andar. Não precisa pedalar, é mais fácil de aprender, é mais divertido e as manobras são mais legais", comenta Poon.

Hoje, quem quiser andar em um patinete da empresa na Califórnia tem de baixar um aplicativo, cadastrar seu cartão de crédito e uma carteira de motorista e desbloquear o primeiro veículo que achar pela frente. Uma viagem de vinte minutos, custa, em média, US$ 5 - um pouco mais que o cobrado por startups de bicicletas compartilhadas pelo mesmo período.

Recentemente, a Spin recebeu uma rodada de investimentos de US$ 8 milhões. É pouco perto dos milhões de Bird e Lime, as líderes do mercado americano, avaliadas em bilhões, mas suficiente para colocar a empresa em terceiro lugar no mercado - e disputando com as duas rivais. "Ainda é um mercado em desenvolvimento", diz ele, que acredita que o setor de patinetes vai se parecer com o de empresas aéreas, com marcas nacionais e empresas que também exploram regiões específicas. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Estado: Como a Spin surgiu?

Euwyn Poon: Eu sou advogado e trabalhei por alguns anos na Y Combinator, uma das principais aceleradoras do Vale do Silício. Ao mesmo tempo, comecei a olhar globalmente por ideias interessantes. Viajando pela China, em 2016, vi a forma como as bicicletas compartilhadas estavam se tornando um sucesso. Voltei para o Vale e lancei a Spin em 2017, inicialmente com bicicletas. Depois, trocamos as bicicletas por patinetes elétricos. Minha missão é ajudar as cidades a terem menos congestionamentos.

Por que trocar bicicletas por patinetes?

O patinete é uma ideia melhor que a bicicleta. Ele é mais conveniente, é mais fácil de andar. Não precisa pedalar, é mais fácil de aprender, é mais divertido e as manobras são mais legais. Para nós, somos um substituto do Uber, para viagens curtas, pequenas.

Startups de bicicletas compartilhadas levantaram bilhões, mas também tem tido problemas. Como vê o setor?

Ele tem um modelo de negócios bem diferente dos patinetes: depende de escala, de bicicletas baratas e viagens baratas, para que as empresas tenham dados e consigam utilizá-los de forma inteligente. Além disso, ele inclui anúncios. Pode ser algo que funcione em outros mercados emergentes, mas é difícil. Já o patinete é premium: os consumidores pagam um preço maior para sustentar o negócio. Nossas viagens, custam, em média, US$ 5. Já uma corrida de bicicleta na China pode custar US$ 0,50. É muito pouco.

Há também uma série de empresas de patinetes nos EUA. Como vê a concorrência?

Para nós, patinetes terão um desenho de competição parecido com o de empresas aéreas. Nos EUA, um mercado muito regulado, cada cidade está licenciando as empresas com números específicos de patinetes que podem rodar. Hoje, estamos trabalhando ativamente com as cidades em que estamos (são 18, ao todo) e espero que isso se espalhe nos EUA. Acredito que haverá algumas grandes marcas nacionais - como nós, a Bird e a Lime -, mas também haverá espaço para empresas operando em espaços regionais, assim como temos companhias de aviação operando no Texas ou na Califórnia, como marcas regionais.

Há quem aposte que o mercado de patinetes, seja pelas questões regulatórias ou pela quantidade de empresas, viverá um dèja-vu do que foi o Uber nos últimos anos. O mercado de apps de transporte, porém, tem se encaminhado para a consolidação. O mesmo pode acontecer no seu setor?

Ainda é cedo para dizer. Por enquanto, estamos todos tentando crescer e tomar espaço. Consolidação é algo que pode acontecer, mas ainda é muito cedo. Nós estamos começando a dar lucro agora.

Por falar em Uber, a empresa já disse que tem interesse em patinetes. É algo ruim para vocês?

Não, é interessante. Imagino que empresas como o Uber, bem como startups de entregas, possam ocupar um espaço na área de mobilidade urbana. Estamos todos crescendo ao mesmo tempo.

E como vê outros mercados, como a América Latina?

Nós, por enquanto, estamos focando nos EUA. Acho que existe potencial em mercados emergentes para os patinetes, mas dependerá se os consumidores serão capazes de pagar pelo serviço - que envolve o custo dos aparelhos, das cargas todas as noites e, claro, da tecnologia. É uma questão de escala e ainda precisa ser determinado.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade