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Pretahub busca incentivar empreendedorismo negro no Brasil

Na batalha por equidade racial desde 2002, Adriana Barbosa, criadora do Feira Preta, falou ao Terra sobre os desafios do empreendedor negro

24 jul 2019 - 09h00
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A batalha por equidade racial tem sido o propósito de Adriana Barbosa, criadora do Instituto Feira Preta e do Pretahub, duas instituições focadas em incentivar a população negra a criar e desenvolver seus negócios. “O problema do negro não é só do negro, é de todo mundo”, diz. “Se 50% da população (110 milhões de brasileiros, segundo o IBGE) não tem poder de compra, o Brasil não vai pra frente.” 

Adriana incentiva o empreendedorismo negro há 17 anos, quando lançou a primeira Feira Preta, evento que expõe os produtos e serviços de empreendedores negros - que segundo dados do Sebrae representam 50% dos donos de negócios no País. Desde 2002, o evento conta com um legado da participação de 700 expositores e a circulação de mais de R$ 4 milhões.

Na última quinta-feira (18), Adriana esteve em São Paulo (SP) no Fórum E-commerce 2019 e palestrou sobre sua trajetória como mulher de negócios, partindo de uma situação de desemprego até a criação e o desenvolvimento da Feira Preta, que a fez ser condecorada pelo Most Influential People of African Descent (MIPAD) em 2017, figurando na lista dos 51 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo

A presidente do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa, palestra no Fórum E-commerce 2019 sobre sua trajetória enquanto empreendedora
A presidente do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa, palestra no Fórum E-commerce 2019 sobre sua trajetória enquanto empreendedora
Foto: Matheus Riga / Terra

Inspiração familiar

Adriana conta que a inspiração para empreender veio do que ela enxergava em sua própria família. “Minha avó fazia de tudo com o que tinha à sua disposição”, diz. “Quando a gente precisava de dinheiro, ela ia lá e pegava a farinha de trigo e o peito de frango para preparar coxinha e vender.” Foi com o empreendimento de salgados da avó que ela aprendeu sobre precificação de produto, propaganda e gerenciamento de equipe. 

Com a avó de modelo, e em situação de desemprego, Adriana passou a vender roupas usadas nas imediações do bairro da Vila Madalena. A guinada para o que viria a ser a Feira Preta ocorreu quando a empreendedora teve sua mercadoria roubada em um arrastão no bairro de São Paulo. Ela decidiu que era necessário ter outro tipo de negócio, que tivesse relação com sua personalidade. 

A presidente do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa
A presidente do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa
Foto: Facebook / Reprodução

À época, a liberação de estudos sobre o consumo da população negra e o lançamento de produtos exclusivos para essa parcela da população impulsionaram Adriana para criar a Feira Preta. O conceito era reunir empreendedores negros em um mesmo local para expor seus produtos e serviços. “Depois disso, tivemos apoio da Endeavor, Artemisia para criar um modelo de negócios para a Feira Preta”, diz.

Dificuldades de desenvolver a Feira

Com a ideia da Feira Preta já desenvolvida, a grande dificuldade de Adriana para realizar o evento era encontrar patrocinadores. “Muitas marcas diziam: ‘Não sei se quero associar a minha marca com um evento com esse nome’”, afirma. A primeira parceria viria a ser da empresa de bens de consumo Unilever, que daria um pontapé inicial e atrairia outras marcas para patrocinar o evento.

A atração de patrocinadores não foi o único desafio da Feira Preta. Para que a evolução do ecossistema negro de negócios ocorresse, era necessário trabalhar em duas pontas: nas empresas e nos consumidores. “Enquanto as multinacionais fortalecem o cenário empreendedor, contratando mais funcionários negros e criando produtos para essa população, do outro lado, o consumidor negro compra mais produtos que satisfazem suas necessidades.

Entre os projetos do Instituto Feira Preta e do Pretahub, estão o “Conversando A gente se Aprende”, que promove diálogos em universidades públicas e privadas, o “Afrohub” para aceleração de empreendimentos, e o “Afrolab” para capacitação.

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Fonte: Redação Terra
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