Mortes de indianos recrutados pelo exército russo na Ucrânia voltam a gerar tensão na Índia
O recrutamento de cidadãos indianos pelas forças russas que combatem na Ucrânia volta à tona na Índia, algumas semanas após a visita do presidente russo Vladimir Putin ao país. Os corpos de dois jovens acabam de ser repatriados, aumentando o balanço de indianos mortos no conflito. O caso gera grande polêmica na Índia.
Abdoolah Earally, correspondente da RFI em Nova Délhi
A morte de dois jovens indianos recrutados pelas forças russas para lutar na Ucrânia reacende um tema embaraçoso para Nova Délhi. Os corpos dos homens, de 22 e 30 anos, foram repatriados na semana passada para a capital indiana. Os dois haviam sido incorporados ao exército russo e enviados para a linha de frente.
Agora, Nova Délhi reconhece oficialmente que 26 de seus cidadãos morreram vestindo o uniforme russo. Segundo os últimos dados apresentados no Parlamento indiano, 51 cidadãos do país continuam mobilizados nas fileiras do exército russo, a maioria sem nenhum contato com seus familiares.
Tensão constante no Parlamento
O balanço revela um método de recrutamento organizado e chocante. Indianos que partiram com vistos de estudante ou promessas de empregos civis na Rússia acabaram sendo obrigados a assinar contratos militares e a lutar na guerra contra a Ucrânia. Vários jovens denunciam ter caído em armadilhas de intermediários sem escrúpulos, enquanto outros afirmam ter sido pressionados a se alistar para evitar processos criminais na Rússia.
O tema provoca tensão constante no Parlamento indiano. A oposição critica a falta de transparência e cobra do governo um levantamento completo dos jovens mobilizados na Ucrânia.
Cerca de cinquenta cidadãos ainda retidos no exército russo
Embora 110 indianos já tenham sido libertados e repatriados, a espera é angustiante para cerca de cinquenta famílias. Organizadas em coletivos, elas exigem provas de vida ou o retorno dos corpos, cuja identificação agora depende de testes de DNA.
A diplomacia indiana garante que trata o assunto "no mais alto nível". O país busca atender às preocupações de seus cidadãos sem fragilizar sua relação estratégica com a Rússia.
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