Ucrânia sofre com apagão em várias regiões após ataques russos que deixaram mortos e feridos
As autoridades ucranianas anunciaram nesta terça-feira (23) que ataques russos com mísseis e drones contra infraestruturas energéticas deixaram várias regiões do país sem luz. Esses bombardeios levaram o exército polonês a mobilizar aviões para proteger seu espaço aéreo. A Rússia declarou nesta manhã que a última rodada de negociações sobre o conflito, realizada nos Estados Unidos, não trouxe avanços para alcançar um cessar-fogo.
O presidente Volodymyr Zelensky informou que 13 regiões ucranianas foram atingidas por mais de 650 drones e 30 mísseis, incluindo a capital, Kiev, onde o alerta antiaéreo permaneceu acionado por mais de quatro horas. Uma pessoa morreu na região de Kiev e outra em Khmelnitsky, oeste do país. Mais de 10 feridos foram registrados em todo o território, incluindo crianças, segundo o balanço das autoridades locais.
"O que a Rússia faz é atacar novamente nossas infraestruturas energéticas. Como resultado, várias regiões da Ucrânia ficaram sem luz", anunciou nesta terça-feira (23) o Ministério da Energia ucraniano no Telegram.
A operadora elétrica Ukrenergo informou que houve um "ataque maciço com mísseis e drones" e destacou que os trabalhos de reparo começarão assim que as condições de segurança permitirem.
Por volta das 8h30 (3h30 em Brasília), todo o país estava sob alerta aéreo, segundo o mapa online das autoridades. Durante a noite, o exército ucraniano alertou sobre ameaças contínuas de drones e mísseis de cruzeiro em várias regiões, inclusive no oeste, longe da linha de frente.
Na noite de segunda-feira (22), as autoridades locais de Odessa, no sul da Ucrânia, afirmaram que um ataque de drones russos danificou infraestruturas portuárias e um navio civil. As ofensivas se intensificaram nas últimas semanas nessa estratégica região do Mar Negro.
Quase quatro anos após o início da ofensiva em larga escala contra o país vizinho, a Rússia continua atacando a Ucrânia praticamente todas as noites, focando especialmente as infraestruturas energéticas, sobretudo no inverno. Além de provocar apagões, os ataques também causam vítimas civis. Os novos cortes de energia ocorrem em meio a temperaturas glaciais, próximas de zero ou negativas em grande parte do território.
Polônia mobiliza aviões de caça para proteger seu espaço aéreo
No X, o exército polonês anunciou nesta terça-feira que a aviação "polonesa e aliada" foi colocada em alerta e mobilizada preventivamente em seu espaço aéreo devido aos ataques russos contra o território ucraniano. Essa medida é acionada regularmente quando os bombardeios atingem áreas ocidentais próximas à fronteira polonesa.
"Caças foram mobilizados e os sistemas de defesa aérea terrestre e de reconhecimento por radar foram colocados em estado de alerta reforçado", informou o comando operacional das forças armadas na mensagem.
Esses novos bombardeios russos ocorrem um dia após a morte de um general russo, Fanil Sarvarov, na explosão de seu carro em Moscou. Esse foi o terceiro assassinato de um militar russo de alto escalão em pouco mais de um ano. A Rússia acusa as forças especiais ucranianas. Kiev não comentou o caso até o momento.
Impasse nas negociações
Os ataques também acontecem enquanto as negociações para um acordo de paz se intensificam sob pressão do presidente americano Donald Trump, sem resultados concretos até agora, apesar de uma nova rodada de encontros em Miami, nos Estados Unidos, durante o fim de semana.
Em seu pronunciamento diário, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que será informado nesta terça-feira sobre os resultados detalhados dessas discussões por seus negociadores, que retornaram da Flórida.
Nesta manhã, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, declarou que a nova rodada de negociações entre Estados Unidos e Rússia não permitiu resolver as principais questões pendentes para solucionar o conflito. Novos encontros podem ocorrer no início da primavera (no hemisferio norte), segundo Riabkov.
Com AFP