Extrema direita alemã é acusada de espionar para Rússia ao usar Parlamento para obter dados estratégicos
O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a maior sigla da extrema direita alemã, em franca ascensão nas pesquisas, foi acusado nesta quarta-feira (22) de atuar em favor da Rússia e de outros regimes autoritários. Adversários políticos apontam que parlamentares da legenda têm feito perguntas "suspeitas" no Bundestag, supostamente para obter informações sensíveis sobre segurança nacional.
O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a maior sigla da extrema direita alemã, em franca ascensão nas pesquisas, foi acusado nesta quarta-feira (22) de atuar em favor da Rússia e de outros regimes autoritários. Adversários políticos apontam que parlamentares da legenda têm feito perguntas "suspeitas" no Bundestag, supostamente para obter informações sensíveis sobre segurança nacional.
A legenda, conhecida por sua postura pró-Rússia e contrária à imigração, nega as acusações. No entanto, várias figuras do partido mantêm relações estreitas, e por vezes controversas, com autoridades russas e chinesas.
Desta vez, os suspeitos são parlamentares da região da Turíngia, no leste do país, onde a AfD lidera as intenções de voto. Eles teriam usado suas funções para acessar dados sobre a polícia, as Forças Armadas e infraestruturas estratégicas, de interesse potencial para governos estrangeiros.
A Rússia, por sua vez, é acusada de conduzir uma ampla campanha de espionagem, desinformação e sabotagem na Alemanha e em outros países europeus.
"Abuso"
"O partido está abusando do direito parlamentar de fazer perguntas para investigar deliberadamente nossas infraestruturas críticas", afirmou Georg Maier, ministro do Interior da Turíngia, ao jornal Handelsblatt. Segundo ele, "a impressão é que a AfD atua com base em uma lista encomendada pelo Kremlin".
O presidente da comissão de controle dos serviços de inteligência no Parlamento, Marc Henrichmann, pediu uma investigação mais rigorosa sobre essas "ameaças internas e externas". Para ele, é essencial saber "se, e até que ponto, a AfD continuará sendo guiada por interesses russos".
Segundo Maier, a AfD apresentou 47 perguntas sobre infraestrutura crítica nos últimos 12 meses, com "intensidade e precisão crescentes". As áreas de interesse incluem transporte, energia, abastecimento de água e, especialmente, tecnologias policiais como sistemas antidrones, além de temas ligados à defesa e à proteção civil.
O deputado verde Konstantin von Notz lembrou que, em abril de 2024, já haviam sido identificadas perguntas parlamentares "problemáticas" da AfD, com suspeitas de que fossem feitas em nome de governos autoritários. Ele afirmou que a mesma estratégia foi observada em outros países europeus, indicando uma ação coordenada.
"Desestabilização"
"Há sinais de que representantes da AfD participam deliberadamente dessa estratégia de desestabilização, promovida por regimes autoritários", disse von Notz, pedindo uma resposta firme das autoridades alemãs.
Bernd Baumann, primeiro secretário da bancada da AfD no Parlamento, rejeitou as acusações, que classificou como "absurdas" e motivadas por interesses eleitorais. Segundo ele, as perguntas feitas pela legenda visam "defender os interesses dos cidadãos".
"As informações reveladas não são secretas. Transformar isso em espionagem é ridículo e mostra o desespero dos outros partidos diante do crescimento da AfD", afirmou.
A agência de inteligência externa da Alemanha não quis comentar o caso, e o serviço interno ainda não se pronunciou. Um porta-voz da chancelaria limitou-se a dizer que tomou conhecimento das acusações.
O chanceler Friedrich Merz declarou nesta semana que considera a AfD seu "principal adversário" no cenário eleitoral de 2025, quando cinco dos 16 estados alemães irão às urnas. A legenda espera vencer em pelo menos dois deles, ambos no leste, e alcançar resultados históricos nos demais.
Com AFP