Em discurso de Ano-Novo, Macron promete defender a França de interferência estrangeira nas eleições
O presidente francês Emmanuel Macron fez um discurso na noite desta quarta-feira (31) durante os tradicionais votos de Ano-Novo em rede nacional. Em seu pronunciamento, o chefe de Estado reafirmou o compromisso com suas promessas de mandato e alertou para a instabilidade internacional, garantindo que vai lutar para que as próximas eleições presidenciais, em 2027, não sofram nenhum tipo de ingerência externa.
Em um discurso de cerca de 10 minutos, Macron chamou a atenção para a instabilidade vivida não apenas pela França. "Assistimos ao retorno dos impérios, à contestação da ordem internacional, ao mundo de guerras comerciais, de competição tecnológica e, frequentemente, de instabilidade", disse Macron, após lembrar que a Europa vive uma guerra em seu território desde que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, há quatro anos.
"Nesse momento em que a lei do mais forte tenta se impor nos assuntos mundiais e que a Europa é pressionada por todos os lados, temos que defender nossa independência e nossa liberdade", declarou o chefe de Estado.
Macron lembrou que no final de 2026 a França entrará em um ano de eleição presidencial - "a primeira dos últimos dez anos da qual não participarei", frisou. No entanto, ele insistiu que se manterá vigilante para que o pleito de 2027 aconteça sem interferência de atores externos.
"Farei tudo para que a eleição presidencial se realize da forma mais serena possível, em particular livre de qualquer ingerência estrangeira", declarou o presidente francês.
As ingerências digitais estrangeiras, as tentativas de manipulação da opinião nas redes sociais e as ações de pirataria se multiplicaram nos últimos anos na maioria das campanhas eleitorais na França, e as municipais de março de 2026 e a presidencial de 2027 não escaparão à regra, segundo o serviço Viginum, encarregado de combater essas desestabilizações.
Orçamento bloqueado
Sobre a política interna, Macron disse que "é indispensável que o governo e o Parlamento se dediquem, desde as primeiras semanas do ano, a construir acordos para dotar a Nação de um orçamento". O projeto de lei de finanças para 2026, cujo exame no Parlamento não pôde ser concluído antes de 31 de dezembro, deve voltar à Assembleia Nacional a partir de 8 de janeiro na comissão de Finanças.
"Estarei até o último segundo trabalhando, tentando a cada dia estar à altura do mandato que vocês me confiaram", declarou o presidente, enquanto vozes já se levantaram até dentro do campo presidencial para pedir uma eleição antecipada.
"Esse será um ano útil", martelou o chefe de Estado, prometendo concluir vários projetos em andamento. Ele mencionou a questão do engajamento dos jovens nas Forças Armadas, a proteção das crianças e adolescentes diante dos riscos das redes sociais e o debate sobre a eutanásia, temas que iniciou durante seu mandato.
Macron fez votos de união no país, ampliando também para a Europa, que, segundo ele, deve se proteger do ponto de vista militar, mas também industrial e agrícola. "Disso depende a nossa prosperidade, na França e na Europa", frisou.
O presidente terminou seu discurso fazendo "votos de esperança", pedindo que a população não renuncie ao progresso e se mantenha solidária. "Não renunciemos a conciliar clima, biodiversidade, crescimento e independência", disse Macron.