Consumo de carne de veado cresce no Reino Unido como alternativa sustentável à bovina
Das cantinas universitárias às mesas dos britânicos, a carne de veado se tornou moda em pouquíssimo tempo no Reino Unido. Seu consumo é considerado mais ecológico em comparação à criação de animais em pastos ou granjas para produção de carne bovina e de frango por gerar até 85% menos emissões de carbono.
Daniel Postico, correspondente da RFI em Londres
A carne de veado se tornou popular no Reino Unido. Começou a ser vendida há dois anos em algumas restaurantes universitários e agora é comercializada em larga escala graças ao gigante da restauração Levi, que a oferece em cerca de 20 recintos esportivos e culturais, como o Estádio Nacional de Rugby de Twickenham, o O2 Arena e o Teatro Nacional de Londres.
O motivo é que o consumo de carne de veado é visto como uma alternativa para reduzir as emissões de carbono. Esse tipo de carne emite até 85% menos gases em comparação com a indústria de carne bovina e de aves. A carne de veado vem da caça: o animal vive livre e, portanto, elimina toda a infraestrutura pecuária como o uso intensivo de terras para pastagem, o cultivo de ração, os fertilizantes nitrogenados e a maquinaria agrícola pesada.
Segundo especialistas, o abate de cervos selvagens no Reino Unido é necessário para proteger as florestas e a biodiversidade, pois há superpopulação, o que impede a regeneração das árvores que absorvem carbono. Por isso, é considerada uma opção mais sustentável.
Além disso, muitas pessoas que consumiam produtos vegetais que imitam carne, perceberam que eles podem ser excessivamente processadas ou não necessariamente saudáveis, enquanto a carne de veado é muito mais nutritiva. Na Inglaterra medieval, o produto era muito apreciado pela aristocracia por seu sabor de caça. Agora, tornou-se ecológico e também popular.
O interesse pela caça se deve, em parte, ao aumento da população de cervos no Reino Unido. Ela passou de 450 mil em 1970 para 2 milhões atualmente — "o nível mais alto em mil anos", segundo o Ministério Britânico do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais.
Sem predadores naturais, os cervos podem causar um impacto significativo em certos ecossistemas quando estão em excesso, alerta o ministério.
De acordo com um estudo de 2015 da Scottish Natural Heritage, órgão responsável por assessorar o governo escocês na gestão da fauna e flora, essa pegada de carbono é aproximadamente 38% inferior à da carne bovina e 49% inferior à da carne de cordeiro.