Bloco de Esquerda considera dialogar com socialistas sobre governo português
A porta-voz do marxista Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, deixou as portas abertas para um eventual diálogo com os socialistas, de modo a impedir um governo da direita em minoria em Portugal.
"Se a coalizão de direita não tem maioria, não será pelo BE que conseguirá formar o governo", disse na sede do partido em Lisboa, depois que os resultados eleitorais provisórios apontam a vitória da coalizão conservadora do atual governo lusitano, embora longe da maioria.
Martins comentou que se o presidente do país encarregar a direita de formar governo em minoria, o BE rejeitará essa possibilidade no parlamento.
O BE protagonizou uma das surpresas da jornada eleitoral ao se impor como terceira força política, melhorando as projeções que apontadas em todas as pesquisas e superando a coalizão de comunistas e ecologistas.
Com mais de 70% da apuração completa, o BE tem 9,47% dos votos, acima da margem entre 6% e 8% que concedida pelas últimas pesquisas pré-eleitorais.
Aliado ao Podemos espanhol e o grego Syriza no parlamento Europeu (PE), o BE superou a Coalizão Democrática Unitária (CDU) de comunistas e verdes, que as pesquisas colocavam como terceira força e que contaria com 7,58% dos votos.
Se esses resultados forem confirmados, o BE pode conseguir o melhor resultado de sua história e melhorar consideravelmente sua presença no parlamento lusitano em relação ao pleito de 2011, quando conseguiu 5,17% dos votos e 8 deputados.
Essa melhora nos resultados, beneficiada pelo voto de punição sofrido pelos socialistas e pela mobilização do voto dos "indignados", aconteceu depois algumas cisões nos últimos anos que deram lugar a outras forças de esquerda como Livre e a coalizão Agir.
"O Bloco de Esquerda teve neste domingo o melhor resultado de sua história. Mais votos, mais deputados e mais força do que nunca", celebrou Martins, que é atriz de profissão.
O BE nasceu em 1999 pelas mãos de Francisco Louças e Miguel Portas - irmão do atual vice-primeiro-ministro, o conservador Paulo Portas - e entrou nesse mesmo ano no parlamento com dois deputados. O melhor resultado do partido até hoje foi em 2009, quando obteve 9,81% dos votos e 16 deputados.