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Apesar do impasse político, economia francesa preserva fundamentos sólidos e segue resiliente

A França segue em suspense, enquanto continuam as negociações para chegar a um consenso sobre a formação de um governo, evitar a dissolução da Assembleia Nacional e eleições antecipadas. O ultimato dado pelo presidente Emmanuel Macron termina nesta quarta-feira (8), prazo para que o ex-primeiro-ministro Sébastien Lecornu converse com os partidos políticos. Apesar do clima tenso, nem tudo é pessimismo: a economia francesa demonstra resiliência.

8 out 2025 - 10h59
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A França segue em suspense, enquanto continuam as negociações para chegar a um consenso sobre a formação de um governo, evitar a dissolução da Assembleia Nacional e eleições antecipadas. O ultimato dado pelo presidente Emmanuel Macron termina nesta quarta-feira (8), prazo para que o ex-primeiro-ministro Sébastien Lecornu converse com os partidos políticos. Apesar do clima tenso, nem tudo é pessimismo: a economia francesa demonstra resiliência.

O presidente francês, Emmanuel Macron, está cada vez mais isolado (imagem de arquivo).
O presidente francês, Emmanuel Macron, está cada vez mais isolado (imagem de arquivo).
Foto: REUTERS - Leonhard Foeger / RFI

Stéphane Geneste, da RFI em Paris 

Nesta manhã, Lecornu afirmou que a perspectiva de uma dissolução da Assembleia Nacional estava se afastando, diante do desejo dos partidos políticos franceses de chegarem a um acordo sobre uma nova proposta orçamentária para a França, que deve ser publicada antes do fim do ano.

Enquanto não se sabe quem será o próximo primeiro-ministro — ápice de uma crise política que se arrasta há mais de um ano — muitos poderiam pensar que os fundamentos da economia estariam sendo fortemente abalados.

Porém, os números mostram que estrangeiros continuam a investir na França. O saldo da conta corrente — a diferença entre o que o país vende e o que compra — permanece equilibrado.

De acordo com o barômetro econômico EY de 2025, a França continua sendo o país mais atraente da Europa para investimentos estrangeiros. Alguns setores experimentam recuperação, como a aeronáutica, a produção agrícola e a produção industrial, que superaram o período pós-Covid.

A taxa de emprego na França atingiu o recorde de 69,6%.

Em outras palavras, a economia francesa está desacelerando, mas não entrando em colapso.

Para retomar o ritmo, os agentes econômicos aguardam a aprovação de um projeto de orçamento e o estabelecimento de diretrizes mais claras. Sem um governo estável, é impossível decidir sobre impostos, benefícios ou investimentos públicos.

Um círculo vicioso que, aos poucos, se instala na economia do país. Sem primeiro-ministro desde a demissão de Sébastien Lecornu, na segunda-feira (6), a incerteza política vai se instalando, o que pode travar a economia. E uma economia enfraquecida alimenta a desconfiança política. A conclusão é simples: para a França retomar o crescimento, primeiro precisará encontrar um novo governo.

As consequências econômicas por trás das disputas pelo poder já são visíveis: crescimento lento, empresas cautelosas e famílias preocupadas.

Segundo vários economistas, como os do BNP Paribas, a crise política já terá custado à França quase 0,3 ponto percentual de crescimento em 2025. Isso pode parecer marginal, mas representa mais de € 8 bilhões a menos na riqueza nacional.

Em suma, uma economia que poderia ter crescido 1% este ano terá que se contentar com 0,7%.

A razão para essa desaceleração é simples: medo do futuro. As famílias estão poupando mais, as empresas adiam seus investimentos. Esse clima de incerteza atua como um freio coletivo, desacelerando a máquina econômica.

Franceses estão poupando mais

Os franceses, já pressionados pela inflação e pela perda de poder aquisitivo, agora temem impostos mais altos ou uma redução na ajuda governamental. Eles estão poupando mais. Antes da crise da Covid, a taxa média de poupança girava em torno de 15% da renda disponível. Em 2025, estará próxima de 19%, uma das mais altas da Europa.

Esse reflexo de precaução tem efeitos diretos no crescimento. Quando as famílias gastam menos, o consumo desacelera.

No entanto, o consumo representa metade do PIB francês. Quando esse motor perde força, toda a economia para.

O mesmo fenômeno está afetando as empresas: menos pedidos, mais incerteza e um sistema tributário instável. Os líderes empresariais preferem esperar por tempos melhores antes de se arriscar.

Desde a dissolução da Assembleia Nacional, em junho de 2024, os investimentos caíram 1,5% na França.

Os empresários temem que um futuro governo — seja ele qual for — mude de rumo novamente.

Suspensão da reforma das aposentadorias

A possível suspensão da reforma da aposentadoria agitou as últimas negociações para superar a crise política na França. A proposta foi apresentada na noite de terça-feira (7) pela ex-primeira-ministra Élisabeth Borne, que aprovou por decreto, em 2023, o aumento da idade mínima para aposentadoria no país para 64 anos.

Borne, que atualmente ocupa o Ministério da Educação, propôs essa "concessão" para conquistar o apoio da esquerda, como o do Partido Socialista, e dos sindicatos, visando à formação de um novo governo.

O jornal Les Échos destacou que a proposta podia dividir ainda mais a base aliada do presidente Emmanuel Macron. A medida poderia, por ora, evitar uma nova dissolução da Assembleia Nacional Francesa e a convocação de eleições legislativas antecipadas, como exigem os partidos de extrema direita, Reunião Nacional, e da esquerda radical, A França Insubmissa.

Os representantes socialistas se reuniram com Lecornu e receberam o gesto com bons olhos. Em entrevista à imprensa, o secretário-geral do PS, Olivier Faure, afirmou que a decisão era tardia, mas representava "um sinal positivo".

Socialistas, comunistas e verdes ainda esperam a possível nomeação de um primeiro-ministro de esquerda para superar a crise.

Porém, suspender a reforma custaria muito caro aos cofres públicos, alertou o ministro da Economia, Roland Lescure, nas páginas do Le Figaro. A suspensão teria um custo de "centenas de milhões [de euros] em 2026 e bilhões em 2027", disse Lescure, que defendeu buscar formas de compensar seu impacto nas contas públicas.

Segundo o jornal francês, a possibilidade de um governo de esquerda ou de uma dissolução estava sendo usada por Sébastien Lecornu como uma ameaça para manter os aliados conservadores do Partido Republicano no governo.

Macron isolado

O Libération lembrou que, após a renúncia de seu efêmero primeiro-ministro, na segunda-feira, Emmanuel Macron deu 48 horas a Lecornu para tentar superar a crise. O prazo termina esta noite. Até lá, o presidente francês é um "rei nu", estampa a manchete do jornal progressista. "Abandonado por Gabriel Attal, líder do partido macronista, convidado a renunciar pelo aliado e ex-primeiro-ministro Édouard Philippe, e pressionado pelos Republicanos (LR), o presidente nunca esteve tão isolado", avalia o Libé.

Sébastien Lecornu também afastou, nesta quarta-feira, a perspectiva de novas eleições legislativas. Para tentar alcançar um compromisso, ele decidiu "concentrar" as discussões no orçamento de 2026 — que precisa ser apresentado até a próxima semana — e no futuro da Nova Caledônia, arquipélago francês no Pacífico Sul.

A França está mergulhada em uma crise política sem precedentes, reacendendo as preocupações dos investidores quanto à situação política e orçamentária, apesar da resiliência da economia francesa.

A segunda maior economia da UE está sob pressão nos mercados devido ao seu elevado nível de dívida pública, cerca de 115% do PIB. O antecessor de Lecornu caiu quando buscava apoios para seu orçamento, que incluía € 44 bilhões em cortes (R$ 274 bilhões).

O governo precisa de mais apoios para garantir a estabilidade, especialmente porque não há maioria na Assembleia Nacional, atualmente dividida em três blocos: esquerda, centro-direita governista e extrema direita.

A líder de extrema direita, Marine Le Pen, cujo partido lidera as pesquisas eleitorais, ameaçou apresentar uma moção de censura, ao considerar que "a brincadeira já durou demais".

O partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI) também ameaça com a censura caso continue a "política macronista", aumentando a pressão sobre seus antigos aliados socialistas e seu líder, Olivier Faure, para que não façam pactos com o governo.

Após seu encontro com Lecornu, Faure reivindicou novamente que se nomeie um primeiro-ministro de esquerda, como também querem seus aliados ecologistas e comunistas.

(Com RFI e AFP)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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