'Shutdown': entenda o que é medida anunciada pelo governo dos EUA e os impactos da paralisação
Congresso não aprovou projeto orçamentário antes do prazo estipulado
O governo dos EUA entrou em "shutdown" após o Congresso não aprovar o orçamento, o que paralisou serviços não essenciais, gerou instabilidade interna e externa, e pode impactar mercados financeiros globais, incluindo a economia brasileira.
O governo dos Estados Unidos entrou em “shutdown” (paralisação, em português) nesta quarta-feira, 1º, após o Congresso não conseguir aprovar o projeto orçamentário para estender o financiamento federal. A medida foi confirmada pela Casa Branca pelas redes sociais.
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Em vigor há mais de dez horas, o shutdown consiste em uma paralisação parcial das atividades do governo por falta de recursos. Assim como no Brasil, o orçamento federal depende de aprovação do Congresso e, quando não há acordo político sobre a destinação dos recursos públicos, o governo fica sem autorização legal para financiar parte de suas operações, levando ao cenário.
Segundo Rodrigo Gallo, coordenador do curso de Relações Internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia, se as leis de financiamento ou alguma medida provisória não forem aprovadas até o fim do ano fiscal, o que aconteceu nesta quarta-feira, as agências que dependem desses recursos precisam suspender operações consideradas “não essenciais”.
“Esse impasse geralmente decorre de disputas entre partidos sobre quais são as prioridades orçamentárias, como cortes em programas sociais, aumento de gastos militares ou reformas tributárias. No contexto atual, reflete ao menos em parte a polarização política e a estratégia de Donald Trump de usar o bloqueio como forma de pressionar parlamentares a aceitarem sua agenda”, pontua o especialista ao Terra.
Impactos internos e externos da paralisação
Os efeitos do shutdown podem ser significativos dentro e fora dos Estados Unidos. Internamente, serviços públicos considerados não essenciais são paralisados. De acordo com Gallo, isso pode causar atrasos em programas sociais, empréstimos públicos e pagamento de salários, além de prejudicar a divulgação de dados oficiais e a relação entre o governo e o Congresso.
Segundo a imprensa norte-americana, diante da possibilidade de paralisação, agências e departamentos federais emitiram orientações nos últimos dias sobre o que esperar quando o orçamento fosse suspenso. O maior ponto de tensão é a possibilidade de demissões em massa de servidores federais.
Para evitar cortes, a maioria dos funcionários foi colocada em licença temporária, e os órgãos passaram a operar com efetivo reduzido.
Externamente, o bloqueio orçamentário gera instabilidade nos mercados financeiros globais, pode atrasar operações comerciais e aduaneiras, fragiliza a imagem dos EUA como parceiro confiável e afeta acordos de cooperação internacional, inclusive em áreas como ciência, segurança e ajuda humanitária.
De acordo com a economista e mestre em ciências políticas Daniela Cardoso, a paralisação não deve durar muito.
“Como não estão sendo pagos salários, isso tende a forçar um acordo entre governo e Congresso. Se estendesse por longo prazo, o resultado seria a fuga de capitais, já que a economia se tornaria instável. Nesse caso, a economia brasileira sairia ganhando porque tem uma das maiores taxas de juros do mundo. Assim, esses dólares viriam para o Brasil. Ou seja, o nosso câmbio, o real, seria valorizado e o dólar desvalorizado”, destacou.
