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Assembleia Geral da ONU declara o dia da lembrança do genocídio de Srebrenica

23 mai 2024 - 16h33
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A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o dia 11 de julho como o dia internacional da lembrança do genocídio de Srebrenica, ocorrido em 1995, ao adotar resolução nesta quinta-feira que contou com forte oposição da Sérvia e dos sérvios da Bósnia.

O massacre de cerca de 8.000 homens e meninos muçulmanos bósnios em 1995, após a zona de segurança da ONU em Srebrenica ser invadida pelas forças sérvias da Bósnia, ocorreu durante as Guerras dos Balcãs que se seguiram à desintegração da Iugoslávia e foi visto na época como a pior atrocidade da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A resolução, iniciada pela Alemanha e Ruanda e pelo grupo central inter-regional de 17 estados-membros, incluindo os Estados Unidos, foi aprovada por uma maioria simples de 84 votos na Assembleia Geral de 193 membros, em sua agenda de Cultura de Paz.

"Nossa iniciativa é honrar a memória das vítimas e apoiar os sobreviventes que continuam a viver com as cicatrizes daquele momento fatídico", disse Antje Leendertse, representante permanente da Alemanha na ONU, em discurso na sessão plenária.

A Sérvia e os sérvios da Bósnia que negam que o massacre tenha sido um genocídio dizem que a resolução classifica a Sérvia como uma "nação genocida", embora isso não seja mencionado no texto.

O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, conclamou os Estados membros a votarem contra a resolução, dizendo que ela era "altamente politizada" e não contribuiria para a reconciliação na Bósnia e na região, mas abriria uma caixa de Pandora.

"As divisões se tornarão cada vez mais profundas, a resolução causará instabilidade na região", disse Vucic.

Leendertse disse que a resolução não foi dirigida contra a Sérvia. Ela acrescentou que as emendas de Montenegro, segundo as quais o crime de genocídio é individualizado e não pode ser atribuído a nenhum grupo específico, foram incluídas na resolução para compensar a preocupação da Sérvia.

AMEAÇAS SÉRVIAS DE SECESSÃO

Ruas de cidades da Sérvia e da República Sérvia da Bósnia foram decoradas nesta quinta-feira com bandeiras sérvias e cartazes com os dizeres "Não somos um povo genocida, nós nos lembramos".

Antes da votação, o líder nacionalista sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, ameaçou que a República Sérvia, região autônoma que compõe a Bósnia junto com a federação bósnio-croata sob um acordo de paz, iria se separar caso a resolução fosse aprovada. Ele ameaçou repetidamente com a secessão.

Em 11 de julho de 1995, forças sérvias da Bósnia comandadas pelo general Ratko Mladic separaram homens e meninos das mulheres e os massacraram nos dias seguintes. Seus restos mortais foram encontrados anos depois em valas comuns no leste da Bósnia, embora alguns parentes ainda não tenham ideia de onde seus entes queridos morreram.

Dois tribunais internacionais determinaram que a atrocidade constituiu genocídio. Mladic e seu chefe político, Radovan Karadzic, foram condenados à prisão perpétua por crimes de guerra, incluindo genocídio, e quase 50 sérvios bósnios também foram condenados.

A resolução desta quinta-feira condena a negação do massacre e a glorificação dos criminosos de guerra, exigindo que as vítimas restantes sejam encontradas e identificadas e que todos os perpetradores ainda soltos sejam levados à justiça.

Ela também pede que os Estados membros preservem os fatos estabelecidos por meio de seus sistemas educacionais para evitar sua negação ou distorção.

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