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Ásia

Ahn Cheol-soo, o "Bill Gates" coreano que tenta atrair o voto pragmático

5 mai 2017 - 20h24
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O candidato centrista Ahn Cheol-soo pretende, em sua primeira tentativa de concorrer à presidência da Coreia do Sul, seduzir os eleitores com uma proposta pragmática e afastada de roupagens ideológicas, após uma longa e bem-sucedida trajetória no setor privado, e também na academia e na medicina.

Casado e com uma filha, os mais críticos o tacham de intrépido por querer explorar uma terceira via em um país que ainda parece muito ideologizado, além de mostrar um caráter excessivamente independente e, por isso, contar com pouco respaldo dos pesos-pesados de sua legenda, o Partido Popular.

Por outro lado, muitos o consideram um sopro de ar fresco para a política sul-coreana e, inclusive, o qualificam como o "Emmanuel Macron" (candidato que disputa as eleições presidenciais francesas) do país asiático.

De qualquer modo, a vida de Ahn, de 55 anos, parece marcada desde muito cedo por um caráter multifacetado e tremendamente inquieto, que se aproxima do hiperativo.

Oriundo da região sul de Gyeongsang, Ahn cresceu devorando livros na cidade de Busan (a segunda mais importante do país) antes de se doutorar em fisiologia pela prestigiada Universidade Nacional de Seul nos anos 1980.

Já como estudante universitário, o candidato dedicava suas noites para estudar a criação de antivírus para computador (segundo sua biografia, ele não dormia mais de cinco horas), um hobby no qual insistiu e que finalmente lhe obrigou a deixar a prática médica para fundar em 1995 uma empresa de segurança cibernética: AhnLab.

A companhia acabaria se transformando na líder do setor no país asiático e em uma das marcas mis bem avaliadas por seus compatriotas, o que lhe rendeu a alcunha de "Bill Gates" sul-coreano.

Após deixar a presidência da empresa em 2005, da qual ainda é o principal acionista, Ahn passou a dirigir a Posco, uma das maiores metalúrgicas do mundo, obteve um mestrado em engenharia e passou a dar aulas na universidade.

O salto à política era almejado como um passo natural, ao qual chegou finalmente em 2012, quando anunciou que concorreria como independente nas eleições presidenciais.

Sua investida para chegar à Casa Azul se deparou com a popularidade do liberal Moon Jae-in - o favorito nestas eleições com quase 20% de vantagem sobre Ahn de acordo com as últimas pesquisas -, o que o obrigou a deixar a corrida presidencial para não dividir o voto progressista e tentar vencer Park Geun-hye, que, mesmo assim, acabaria ganhando aquele pleito.

Após entrar para o Partido Democrático de Moon, que chegou a presidir, acabou fundando em 2016 o Partido Popular junto com outros dissidentes da legenda de esquerda, à qual chegou a acusar de "progressismo anacrônico".

Após colher bons resultados com seu partido nas eleições legislativas do ano passado, Ahn encara agora esta campanha eleitoral com propostas que alguns consideram equilibradas e pragmáticas, e que outros acreditam que não possuem consistência.

Por exemplo, Ahn defende a manutenção do polêmico escudo antimísseis americano THAAD em solo sul-coreano para reforçar a defesa contra projéteis norte-coreanos, mas, por outro lado, apostaria em sua retirada se a China (que se opõe ao escudo) aplicasse de maneira mais severa as sanções sobre o regime de Kim Jong-un.

Para enfrentar a atual crise norte-coreana, Ahn propõe a abertura do diálogo com Pyongyang, mas sem perder a linha dura na hora de impor sanções contra o país vizinho por seus testes armamentistas.

Talvez isto, bem como seus comentários contra o casamento gay, que poderiam empurrar seus eleitores mais progressistas para a candidata Si Sang-jeung, o fez perder terreno em relação ao conservador Hong Yoon-pyo, com o quem agora está empatado na segunda posição nas pesquisas, com 18% das intenções de voto.

EFE   
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