Venezuela protesta contra presença de navio de guerra dos EUA em Trinidad e Tobago
O governo venezuelano protestou neste domingo (26) contra a chegada do navio de guerra americano USS Gravely a Trinidad e Tobago, arquipélago situado a cerca de dez quilômetros do país. Segundo Caracas, trata-se de "uma provocação" em coordenação com a CIA, que pode levar a uma "guerra no Caribe".
O governo venezuelano protestou neste domingo (26) contra a chegada do navio de guerra americano USS Gravely a Trinidad e Tobago, arquipélago situado a cerca de dez quilômetros do país. Segundo Caracas, trata-se de "uma provocação" em coordenação com a CIA, que pode levar a uma "guerra no Caribe".
A chegada do destróier americano lançador de mísseis e de uma unidade de fuzileiros navais para "exercícios conjuntos" à capital, Port of Spain, foi anunciada na quinta-feira (23) pelo governo de Trinidad e Tobago.
Em um comunicado divulgado na noite de domingo, o governo do país afirmou que a visita do navio de guerra americano "visa reforçar o combate ao crime internacional e desenvolver treinamentos, atividades humanitárias e cooperação em segurança".
O texto também destaca as relações do arquipélago "com o povo da Venezuela" devido à "história comum" e seu compromisso com o Caribe "para a criação de uma região mais segura, mais forte e mais próspera".
Na sexta-feira (24), os EUA já haviam enviado o porta-aviões USS Gerald R. Ford para reforçar a presença militar na região. Além desse grupamento naval, o governo americano deslocou para a área em setembro oito navios de guerra, um submarino nuclear, caças F-35 e 10 mil soldados.
O presidente americano Donald Trump também autorizou ações clandestinas da CIA em solo venezuelano, que oficialmente visam combater o narcotráfico. O governo venezuelano afirma ter "capturado um grupo de mercenários" ligados à "CIA" e ter descoberto o plano de "um ataque destinado a gerar um confronto militar total contra o país".
Trump acusa Nicolás Maduro de envolvimento direto no tráfico de drogas, o que o presidente venezuelano nega. Para Maduro, Washington usa o combate às drogas como pretexto "para impor uma mudança de regime" e tomar conta das reservas de petróleo do país.
Série de ataques
Desde o início de setembro, os Estados Unidos vêm realizando ataques aéreos nas águas caribenhas e no Pacífico contra embarcações que, segundo os EUA, pertenceriam a narcotraficantes.
Até agora, dez ataques foram reivindicados, matando pelo menos 43 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados do governo americano.
Dois cidadãos de Trinidad teriam sido mortos em meados de outubro em um desses ataques, segundo suas famílias. As autoridades locais não confirmaram nem negaram as mortes.
Especialistas questionaram a legalidade desses ataques em águas estrangeiras ou internacionais, contra suspeitos que não foram interceptados nem interrogados.
Moradores estão divididos
Em Port of Spain, alguns moradores apoiam a presença americana próxima da costa venezuelana. "É para ajudar a resolver os problemas de drogas que estão no território venezuelano", acredita Lisa, de 52 anos. "É por uma boa causa, muitas pessoas serão libertadas da opressão e do crime", acrescenta.
Mas alguns moradores dizem estar preocupados com a chegada do navio. "Se acontecer algo entre a Venezuela e os Estados Unidos, podemos acabar sendo atingidos", teme Daniel Holder, de 64 anos, que é contra a estratégia do governo.
Segundo ele, a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, deveria deixar Washington e Caracas resolverem seu conflito "em vez de tentar se interpor". A premiê apoia Trump e, desde que assumiu o poder em maio, adotou um discurso agressivo contra Maduro, a imigração e a criminalidade venezuelana em seu país.
Com agências