Nobel da Paz premia opositora venezuelana María Corina Machado e ignora Trump
O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido à líder da oposição venezuelana María Corina Machado por seu trabalho em defesa da democracia na Venezuela, anunciou nesta sexta-feira (10) o Comitê Nobel norueguês.
O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido à líder da oposição venezuelana María Corina Machado por seu trabalho em defesa da democracia na Venezuela, anunciou nesta sexta-feira (10) o Comitê Nobel norueguês.
María Corina Machado foi premiada "por seu trabalho incansável em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", declarou o comitê em um comunicado. "Quando autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem", acrescenta o texto.
"Estou em estado de choque!", disse a líder da oposição venezuelana a Edmundo González Urrutia, que a substituiu como candidato nas últimas eleições presidenciais devido à sua inelegibilidade política. "O que é isso? Não consigo acreditar", diz a dirigente de 58 anos, que vive na clandestinidade na Venezuela, em um vídeo enviado pela sua equipe à agência AFP.
A notoriedade de María Corina Machado cresceu durante as primárias da oposição em outubro de 2023, quando obteve mais de 90% dos votos em uma demonstração de força com 3 milhões de eleitores.
Favorita nas pesquisas, ela passou a ser chamada de "libertadora", em homenagem ao "libertador" Simón Bolívar. Ao longo do último ano, "Machado foi forçada a viver na clandestinidade [desde a reeleição contestada do presidente Nicolás Maduro em julho de 2024]. Apesar das graves ameaças à sua vida, ela permaneceu em seu país, uma escolha que inspirou milhões de pessoas", destacou também o comitê.
María Corina Machado já havia recebido, em setembro de 2024, o Prêmio Václav Havel, concedido pelo Conselho da Europa a defensores dos direitos humanos. Em outubro de 2024, foi agraciada com o Prêmio Sakharov, a mais alta distinção da União Europeia para os direitos humanos.
Decisão do Nobel frustra Trump
O ano foi marcado pelos "anseios" do presidente americano Donald Trump, que repetiu diversas vezes que merecia vencer o Prêmio Nobel da Paz por seu papel na resolução de múltiplos conflitos.
"Não sei exatamente o que [o comitê Nobel] vai fazer. Mas sei de uma coisa: ninguém na história jamais resolveu oito guerras em nove meses", afirmou Trump nesta quinta-feira (9). "E eu encerrei oito guerras. Isso nunca tinha acontecido antes", disse, destacando que a de Gaza é "a mais importante de todas
Antes do anúncio, especialistas do prêmio já estimavam que Trump não seria o vencedor, argumentando que o presidente americano atualmente desestabiliza a ordem internacional valorizada pelo comitê Nobel.
Em 2024, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Nihon Hidankyo, grupo de sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, em campanha contra armas nucleares.
Com agências