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África

Egito tem calma nas ruas enquanto interino monta gabinete

14 jul 2013 - 12h25
(atualizado às 12h47)
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O primeiro-ministro interino do Egito estava montando seu Gabinete, no domingo, para liderar o país sob um governo apoiado pelo exército, para restaurar um governo civil, com o retorno da paz às ruas, depois que os militares depuseram o presidente Mohamed Mursi.

Hazem el-Beblawi, um economista liberal, de 76 anos, nomeado primeiro-ministro interino na semana passada, está escolhendo tecnocratas e liberais para formar um governo para dirigir o país sob uma Constituição provisória, até as eleições parlamentares que deverão ocorrer em cerca de seis meses.

Um ex-embaixador dos EUA, Nabil Fahmy, aceitou o cargo de ministro das relações exteriores, um sinal da importância que o governo dá ao seu relacionamento com a superpotência, que fornece US$ 1,3 bilhão por ano, em ajuda militar ao país.

Mohamed ElBaradei, ex-diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU), foi empossado como vice-presidente, um cargo que lhe foi oferecido na semana passada. "É muito bom que finalmente, estejamos sendo reconhecidos como cidadãos egípcios e estamos tendo uma melhor representação no governo", disse Joseph Shukry, um Copta de 31 anos, no Cairo.

"Mas precisamos ter mais segurança ao redor de nossas igrejas, já que não há proteção alguma e estamos muito preocupados com ataques de islamistas aos nossos locais sagrados".

Ruas calmas

O domingo marca uma semana sem violência nas ruas, depois que confrontos entre o exército, partidários de Mursi e seus opositores mataram mais de 90 pessoas nos dias seguintes à sua derrubada.

Mursi, o primeiro presidente eleito democraticamente do Egito, está detido, incomunicável, em um local não divulgado, desde que o exército o afastou do poder, depois que milhões de pessoas tomaram as ruas, protestando contra ele.

As autoridades não o acusaram de nenhum crime, mas disseram no sábado, que estão investigando queixas contra ele de espionagem, incitação à violência e destruição da economia.

As acusações de incitar a violência já foram feitas contra muitas das principais figuras da Irmandade, embora na maioria dos casos, a polícia não tenha ido em frente e efetuado prisões. A Irmandade diz que as acusações criminais fazem parte de uma ação repressiva contra eles e que as autoridades são culpadas pela violência.

Milhares de partidários de Mursi têm feito vigília em uma praça perto de uma mesquita no nordeste do Cairo, prometendo não sair de lá até que ele seja reempossado, uma esperança que agora parece ser em vão. Dezenas de milhares de pessoas marcharam na sexta-feira, mas as manifestações terminaram pacificamente.

"Sentimos que nos últimos dias tem havido mais estabilidade, mais chance de uma melhora econômica, porque não tem havido muita violência", disse Ahmed Hilmi, de 17 anos, enquanto cuidava de uma barraca de sucos, ao ar livre, para as pessoas levarem para casa para quebrar o jejum do Ramadã.

A Irmandade pediu que aconteçam mais manifestações na segunda-feira. Opositores de Mursi também marcaram novas manifestações, embora seus protestos estejam atraindo muito menos gente, agora que eles alcançaram seu objetivo de depor o presidente.

O desafio de Beblawi é montar um governo que seja inclusivo, sem Islamistas. A irmandade disse que não terá relações de qualquer natureza com um regime que ela diz que foi imposto depois de um "golpe fascista".

As autoridades têm cortejado um outro grande grupo islamista, o ultra-ortodoxo partido Nour, aliado de Mursi por um tempo, que rompeu com ele e aceitou a tomada de poder do exército. Nour diz que não está buscando cargos ministeriais, mas está apoiando tecnocratas e aconselhando Beblawi. O próprio Beblawi só foi escolhido depois que o Nour vetou outros candidatos a primeiro-ministro, incluindo ElBaradei.

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