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Coronavírus

Associações de aposentados veem proposta de congelamento como 'mais um caos'

Dirigentes prometem manifesto contra a ideia do governo de congelar pensões e aposentadorias por dois anos, além de pressão para que a proposta não seja aprovada

15 set 2020 - 05h11
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Indignação e caos foram as palavras repetidas por dirigentes de três das principais entidades que representam aposentados e pensionistas do País sobre a possibilidade de terem os benefícios congelados por dois anos.

"O que a maioria dos aposentados recebe já é pouco, e ainda ficar sem o "aumentinho' que temos todo ano vai ficar muito pior", diz Warley Martins Gonçalves, presidente da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap).

Ele afirma estar indignado pois o tema surge no momento em que os aposentados pedem o pagamento de um 14º salário para ajudar a bancar despesas de familiares desempregados e os gastos com a saúde nesse momento de pandemia de covid-19. "Já perdemos mais de 30 dirigentes de entidades filiadas", diz Gonçalves. "Vamos pressionar o Senado para não aprovar."

A Cobap reúne 22 de federações de aposentados e 540 associações e representa todos os aposentados e pensionistas do País, embora tenha 320 mil associados. "Estamos perdendo muitos filiados este ano porque eles não têm condições de pagar a mensalidade, que é de 1% do benefício", diz Gonçalves.

Empréstimo consignado

João Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), também vê a medida com indignação. "Querem que os mais miseráveis do País, os aposentados, banquem a conta do programa Renda Brasil. Os aposentados não têm dinheiro nem para pagar o remédio e o arroz e feijão."

Segundo Inocentini, nos últimos seis meses ocorreu aumento de 52% nos empréstimos consignados feitos por aposentados principalmente para bancar familiares que estão desempregados e não conseguiram receber os R$ 600 do auxílio emergencial. Uma das reivindicações das entidades, aliás, é que a cobrança das prestações dos consignados seja suspensa por pelo menos quatro meses.

Hoje, o Sindinapi, que é filiado à Força Sindical, vai lançar um manifesto contra a medida. "Vamos informar a população sobre o risco que nosso País está correndo, pois a maioria dos aposentados recebe cerca de R$ 1 mil, e ficar com esse valor congelado por dois anos será mais um caos".

Ele ressalta que toda a sociedade terá de bancar o Renda Brasil, e que os aposentados estão dispostos a dar sua contribuição, mas não do jeito que está sendo feito. "O Supremo aprova mais benefícios para os juízes, ninguém mexe com as Forças Armadas e querem que só os pobres paguem essa conta"?, indaga Inocentini.

O secretário executivo da Federação Nacional dos Trabalhadores Aposentados, Pensionistas e Idosos (Fenapi), Evanildo Amâncio, confirma que a situação dos aposentados já é precária, inclusive por causa da pandemia e se os proventos forem congelados "será um caos para as pessoas e para o País". Ele também ressalta que muitos idosos são arrimo de famílias em razão do elevado índice desemprego.

Há cerca de 15 dias, a entidade, filiada à CUT, enviou carta ao presidente Jair Bolsonaro expondo a situação dos cerca de 33 milhões de aposentados do País pela Previdência Social e o receio do fim do programa Farmácia Popular. Segundo ele, não houve resposta ainda. Amâncio lembrou que, no governo Lula, o benefício era corrigido pela inflação e tinha aumento real com base no crescimento do PIB e é isso que a categoria reivindica.

Estadão
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