Script = https://s1.trrsf.com/update-1764790511/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

É falso que governo tenha enviado 10 mil cabeças de gado para Venezuela

VÍDEO MISTURA TRECHOS GERADOS COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A IMAGENS TIRADAS DE CONTEXTO

27 nov 2025 - 15h21
Compartilhar
Exibir comentários

O que estão compartilhando: vídeo de um telejornal em que a apresentadora diz que o governo federal teria enviado 10 mil cabeças de gado para a Venezuela. Em seguida, são exibidas imagens de entrevistas com produtores de gado que relatam que o governo levou o gado deles.

Montagem espalha desinformação ao dizer que governo enviou gados para Venezuela.
Montagem espalha desinformação ao dizer que governo enviou gados para Venezuela.
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O "telejornal" que aparece no começo do vídeo não existe: as imagens da apresentadora foram geradas com inteligência artificial. As entrevistas com produtores foram feitas pelo biólogo e youtuber Richard Rasmussen, em outro contexto. No conteúdo original, ele não cita nenhum envio de animais para outros países. Rasmussen conversava com pessoas que ocupavam ilegalmente a terra indígena Apyterewa e foram retiradas de lá.

Saiba mais: No vídeo, a imagem de uma apresentadora de telejornal afirma que o governo federal teria enviado 10 mil bovinos para a Venezuela: "Olha o que esse governo está fazendo. Depois dos 30 mil bovinos enviados à Cuba, agora tomaram mais 10 mil que estão sendo levados, adivinha? Para a Venezuela".

Esse trecho foi criado artificialmente. O site Hive Moderation indicou uma pontuação agregada de 80,7% de chances de o conteúdo ter sido criado com IA. A ferramenta analisa segundo a segundo o áudio e a imagem.

Outro indício de manipulação é que, por meio de busca reversa (veja aqui como fazer), não foi possível verificar a identidade da apresentadora ou encontrar outros conteúdos com ela.

Não há qualquer registro de que o Brasil tenha enviado "10 mil cabeças de gado" para a Venezuela. Uma procura por notícias sobre o assunto não resultou em nada (aqui).

A última notícia sobre um caso semelhante é de 2008, quando foram enviados do Brasil e do Uruguai 3,2 mil búfalos, quatro mil cabeças de gado bovino de diferentes raças brasileiras e 2,5 mil vacas para aumentar as produções de carne e leite do país vizinho.

Também não é verdade que o governo brasileiro teria enviado 30 mil cabeças de gado para Cuba. O Verifica desmentiu um vídeo que espalhava essa mentira; esse conteúdo também foi gerado com inteligência artificial.

Vídeo de biólogo não cita envio de animais para Venezuela

Na segunda parte do vídeo analisado, aparece Richard Rasmussen. O trecho foi publicado no canal dele no YouTube em 19 de novembro deste ano. O conteúdo original mostra o biólogo conversando com pessoas que relatam terem deixado suas casas durante a operação de desintrusão na terra indígena Apyterewa, no Pará.

O vídeo original não faz menção a nenhum envio de animais à Venezuela, como afirma o conteúdo checado. Richard publicou um vídeo em seu Instagram desmentindo a história: "Nem falo sobre gado e sim sobre desintrusão em terra indígena e não tem nada a ver uma coisa com a outra. Isso é um absurdo".

Em operações de desintrusão, a apreensão de animais não é incomum. A retenção do gado estava prevista em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ficou determinado que o gado arrecadado na operação fosse direcionado para fazendas de quarentena e, depois, para frigoríficos.

Parte do valor arrecadado foi destinado para cobrir custos operacionais. A carne remanescente foi distribuída para comunidades indígenas ou para a Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda do Estado do Pará (Seaster). A criação de gado por pessoas não indígenas dentro de Terras Indígenas é proibida pela legislação.

O Verifica mostrou em checagem anterior que cerca de 1,6 mil famílias ocupavam ilegalmente a terra Apyterewa, que deveria abrigar somente indígenas. Muitas delas, além de criar ilegalmente gado, extraíam madeira e garimpavam na terra, provocando desmatamento.

Em outubro de 2023, o governo federal iniciou uma operação de desintrusão no local para cumprir uma determinação judicial do STF. O Supremo atendeu a uma série de pedidos de reintegração de posse feitos pelo Ministério Público Federal (MPF) desde 2009.

Em 2011, pessoas que ocupavam as terras de "boa-fé" - sem saber que era área indígena - e tinham perfil para se tornarem beneficiárias da reforma agrária foram alocadas no Projeto de Assentamento Belauto, criado em 2012 especificamente para esse fim.

As pessoas que ainda ocupavam o local e foram retiradas de lá eram consideradas invasoras porque já tinham sido indenizadas ou recebido lotes de reforma agrária na época da demarcação da terra. Outros invadiram a terra mesmo depois de ela ter sido oficialmente demarcada como terra indígena.

Terra demarcada no Pará foi devolvida a indígenas, e não entregue a Lulinha e JBS

Ministério não entregou gestão de terras indígenas para empresa, ao contrário do que diz vídeo

Marco temporal das terras indígenas: saiba o que é mentira e verdade sobre o tema

Estadão
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade