Quem é Silvinei Vasques, aliado de Bolsonaro e ex-diretor da PRF, preso após tentativa de fuga do Brasil
Silvinei Vasques foi detido no Paraguai após romper a tornozeleira eletrônica, dez dias depois de ser condenado pela trama golpista
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF durante o governo Bolsonaro, foi preso no Paraguai ao tentar fugir do Brasil após romper sua tornozeleira eletrônica e descumprir medidas cautelares impostas pelo STF, que o condenou a 24 anos de prisão por envolvimento na tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.
Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira, 26, após romper a tornozeleira eletrônica e ser localizado no Paraguai durante uma tentativa de fuga do Brasil. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu as medidas cautelares impostas a ele em prisão preventiva.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Silvinei havia sido condenado há dez dias pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Apesar da condenação, ele ainda não cumpria pena em regime fechado porque a execução da sentença só pode ocorrer após o trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recursos.
Natural do Paraná e com 50 anos, Silvinei ingressou na PRF em 1995. Ao longo da carreira, ocupou cargos de destaque, incluindo coordenador-geral de operações e secretário municipal de segurança e defesa social em São José (SC), além de outras funções de gerência, como superintendente da PRF em Santa Catarina. Antes de assumir o cargo de diretor-geral, seu último posto foi como Superintendente da PRF no Rio de Janeiro, entre 2019 e 2021.
Em abril de 2021, Silvinei assumiu o cargo de diretor-geral da PRF, após o então presidente Jair Bolsonaro nomear Anderson Torres para o Ministério da Justiça. Ele permaneceu na função por oito meses e, nesse período, publicou diversas fotos em suas redes sociais ao lado do ex-presidente em eventos oficiais, acompanhadas de legendas que agradeciam ao governo e ao ex-chefe do Executivo pelos investimentos realizados na corporação.
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal nunca escondeu seu apoio ao ex-presidente. Durante as eleições de 2022, ele utilizou suas redes sociais para incentivar o voto em Bolsonaro, publicando um story com a bandeira do Brasil e a mensagem: "Vote 22, Bolsonaro presidente". A publicação, no entanto, foi apagada poucas horas depois. O apoio político declarado acabou o levando a ser investigado pela Justiça do Rio de Janeiro por improbidade administrativa.
Aposentadoria de mais de R$ 18 mil
Após ser exonerado do cargo em dezembro de 2022 e já estar sob investigação, Silvinei Vasques optou pela aposentadoria. Ele continua recebendo os "proventos integrais", com paridade, totalizando um valor bruto de R$ 18 mil, acrescido de outras vantagens. Vasques encerrou sua trajetória na PRF com 27 anos de carreira como policial rodoviário federal.
Silvinei foi interrogado pela primeira vez pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, falando por cerca de 12 horas. Durante a oitiva, negou que policiais da corporação tenham sido usados para boicotar ou dificultar o deslocamento de eleitores no dia da votação. O policial aposentado também buscou afastar acusações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o uso da estrutura da PRF nas eleições de 2022.
"Eu nunca utilizei do cargo para benefício eleitoral do presidente, se fosse assim nós teríamos que autorizar metade dos servidores públicos daquela época", afirmou Silvinei em sua defesa. "As fotos que tenho com o presidente Bolsonaro foi porque ele deixou eu tirar e as fotos foram postadas na minha hora de folga", prosseguiu. "Não seria eu que mudaria o resultado da eleição", concluiu durante a oitiva.
Preso por tentar interferir no processo eleitoral
A prisão inicial de Silvinei ocorreu em 2023, no âmbito da Operação Constituição Cidadã, deflagrada pela Polícia Federal. A operação apurou o uso da máquina pública, incluindo a PRF, para dificultar a votação de eleitores em regiões estratégicas, como o Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concentrava maior votação.
Sob a liderança de Vasques, a PRF realizou 4.591 fiscalizações em todo o país entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022. Eleitores relataram abordagens irregulares, e o PT denunciou que a corporação teria agido para impedir o acesso às urnas. A justificativa apresentada pela PRF foi o combate ao transporte irregular de eleitores.
Após quase um ano preso, em agosto de 2024, Silvinei deixou a prisão em Brasília. Na ocasião, Moraes considerou que ele não representava mais risco às investigações sobre a tentativa de beneficiar ilegalmente Bolsonaro nas eleições de 2022. Como medidas cautelares, o ministro determinou que o ex-diretor continuasse usasse tornozeleira eletrônica, além de ser proibido de deixar o País e de manter contato com outros investigados.
No entanto, nesta quinta-feira, 25, o sinal da tornozeleira foi interrompido, indicando descumprimento das determinações judiciais. A Polícia Federal, responsável pelo acompanhamento, detectou a falha e, após diligências, constatou que Silvinei havia se evadido de seu endereço em São José (SC). Imagens de câmeras de segurança mostraram que ele preparou malas e suprimentos para cães, além de sair do prédio com um veículo alugado.
