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Tatiana Farah

Bolsonaro trabalhou 1 hora e 18 minutos por dia em novembro

Presidente ganhou R$ 1.014 por hora trabalhada. Ele foi liberado de cumprir aviso prévio?

1 dez 2022 - 19h04
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No mês de novembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalhou em média 1 hora e 18 minutos por dia. Por nove dias (que incluem os domingos), ele não teve nenhuma agenda. Em outros sete dias, trabalhou apenas 30 minutos. Isso mesmo, meia horinha. O dia em que mais teve atividade foi o sábado passado, 26 de novembro, em que participou de cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ). Foi naquele evento em que ele entrou mudo e saiu calado. Esses são os dados extraídos por esta coluna da agenda oficial do governo.

Se considerarmos apenas o salário presidencial, de R$ 30.934,70, Bolsonaro recebeu R$ 1.014 por hora trabalhada. É um dinheirão, mas não é, nem de longe, o maior problema do sumiço do presidente. Desde que foi derrotado, Bolsonaro tem se recolhido ao Palácio do Alvorada e esqueceu de governar. Perder é do jogo. E ele já deveria ter saído dessa ressaca moral. Há trabalho a ser feito e responsabilidades a se cumprir.

Bolsonaro em parada militar do 7 de Setembro
Bolsonaro em parada militar do 7 de Setembro
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Espera-se que Bolsonaro não siga a ideia de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e faça um vídeo com a mão cheia de pendrives velhos para dizer que estava numa missão para "salvar" o Brasil. Flagrado todo serelepe torcendo pelo Brasil no Catar, Eduardo saiu-se com essa. Sempre há quem acredite.

Enquanto o presidente se resguarda no palácio e seu filho encontra uma maneira mais bacana para usar a camisa da Seleção, seus eleitores lotam as entradas dos quartéis, pedindo golpe militar. Deixados na chuva pelo clã Bolsonaro, eles apelam até a seres extraterrestres, como pode-se conferir com vídeos bizarros de Porto Alegre. O presidente já deveria ter mandado esse pessoal de volta para casa. 

Curtir um mês de dor de cotovelo é um privilégio que falta aos demais mortais dessa banda aqui do mundo. Qualquer trabalhador que reduzisse assim sua carga de trabalho, seria fatalmente demitido. Pensando bem, o presidente Bolsonaro foi.

Mas tem de lembrar que deve cumprir aviso prévio e trabalhar até o próximo dia 31. Não queria ser o presidente? Então!  

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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