Script = https://s1.trrsf.com/update-1730403943/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Tatiana Farah

Panelaço antiLula flopa, mas Bolsonaro vive dia de campanha em Ribeirão Preto

Agronegócio faz uma "quartelada caipira" e vai desfilar com o bolsonarismo neste 1º de Maio.

30 abr 2023 - 21h29
(atualizado às 21h29)
Compartilhar
Exibir comentários

Animados pela recepção festiva ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Ribeirão Preto (SP), os bolsonaristas anunciaram um panelaço para a noite deste domingo, durante o primeiro discurso de Lula na TV desde que tomou posse, em 1º de janeiro. O protesto "flopou". Mesmo nos bairros mais nobres de Ribeirão Preto, que abrigará a maior feira do agronegócio do Brasil esta semana, houve um grande silêncio.

Enquanto isso, Lula na TV tocou bumbo para o aumento de R$ 18 no mínimo (para R$ 1.320) e afirmou que vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que garanta reajustes acima da inflação. "É um aumento pequeno, mas real, depois de seis anos", admitiu o presidente. Outro anúncio do petista foi sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.640. Nos últimos 9 anos, a faixa se limitou a salários até R$ 1.903.

Bolsonaro recebido por eleitores em Ribeirão Preto
Bolsonaro recebido por eleitores em Ribeirão Preto
Foto: Poder360

É com esse discurso que o presidente chega neste 1º de Maio ao evento organizado pelas centrais sindicais em São Paulo. Enquanto isso, Bolsonaro vai reinar absoluto no Agrishow, embora a organização do evento tenha cancelado a cerimônia oficial depois da deselegância de desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para o palanque que estava destinado ao ex-presidente.

O desconvite gerou tamanho mal estar que o Banco do Brasil chegou a ameaçar com um "despatrocínio" do encontro dos ruralistas. Fávaro, que anunciaria um pacote de bondades para o agronegócio, decidiu tratar do assunto apenas com a bancada ruralista durante a semana.

Escolher Bolsonaro para brilhar na Agrishow empurra os ruralistas para mais longe (se é que é possível) do governo num momento em que o país tem revisto os atos golpistas do 8 de janeiro e as ações polêmicas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e dos empresários do agronegócio para minar a votação de Lula no ano passado.

Cacique Raoni coloca cocar em Lula durante cerimônia de demarcação de terras indígenas
Cacique Raoni coloca cocar em Lula durante cerimônia de demarcação de terras indígenas
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Ricardo Stuckert/PR

O petista sempre usou o discurso "nós contra eles", em que tenta demarcar os interesses dos trabalhadores em relação ao dos patrões. É um discurso que foi condenado pela classe média, representada até poucos anos atrás pelo PSDB.

Desta vez, o "nós contra eles" se impôs sem que o presidente quisesse. Se nesta segunda-feira Lula se junta aos sindicalistas, na outra ponta da economia Bolsonaro revive os tempos de campanha eleitoral entre os patrões do agronegócio.

Depois de homologar a demarcação de seis Terras Indígenas esta semana e de não condenar com veemência as ocupações do MST, Lula enfrenta ainda mais a ira dos proprietários de terra. Quem ganha é Bolsonaro, que teve seu primeiro bom momento desde a derrota em tarde de abraços e aplausos em Ribeirão Preto.

Falta saber se o agronegócio e o Brasil ganham alguma coisa com essa "quartelada caipira".

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade