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Política

Ciro só vê risco de saída de Temer em caso de renúncia

Em evento, presidenciável do PDT disse que a solução para o País é apostar todas as fichas nas eleições

29 mai 2018 - 17h31
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SÃO PAULO - O pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, retomou as críticas ao governo Michel Temer por causa da crise dos combustíveis, mas disse não acreditar que haja terreno para uma mobilização capaz de pôr fim prematuro ao mandato do emedebista.

"Só se ele renunciar. Não tem outra saída", afirmou o ex-ministro, ao ser provocado por jornalistas. Segundo ele, Temer nunca teve condições de governar, mas o Congresso perdeu a oportunidade de afastá-lo quando enterrou duas denúncias de corrupção contra ele. De acordo com o ex-ministro, o País deve agora "apostar todas as fichas na eleição".

Pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, discursa em evento com sindicalistas em São Paulo
27/04/2018 REUTERS/Nacho Doce
Pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, discursa em evento com sindicalistas em São Paulo 27/04/2018 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Ciro considerou legítima a manutenção das paralisações pelo País, mesmo após o governo ter feito concessões para obter um acordo com os caminhoneiros. "[A greve] é até mais legítima depois do acordo do que antes", emendou. "Agora, trata-se de uma greve de gente trabalhadora, sofrida, de verdade. Não de um locaute de empresários aproveitadores."

Ciro só subiu o tom contra o governo ao fim da palestra que fez em evento das Eurocâmaras e do Club Transatlântico, na capital paulista. Ele afirmou que o governo cedeu a pressões populistas na formação da política de preços da Petrobras e, assim, deu origem ao cenário que se vê hoje no País. "Tudo isso estava dado que iria acontecer", afirmou.

Ciro traçou ainda um diagnóstico para a greve anunciada pelos petroleiros. "Amanhã começa a greve dos petroleiros. Ela terá enorme adesão", avisou. "Só se resolve isso de uma maneira: com a demissão do Pedro Parente", acrescentou. Questionado mais tarde sobre a possibilidade de uma privatização da Petrobras, Ciro engatou: "Nem pensar. Na prática, as consequências da privatização são isso aí".

Pacto federativo

Ainda na palestra, Ciro afirmou que o novo presidente da República terá de se empenhar para firmar um novo pacto federativo, com o intuito de solucionar a crise fiscal brasileira. "O Brasil tem uma tragédia tão extensa que surge um lado bom: o pacto federativo dilacerado", disse.

Ciro defendeu também uma articulação conjunta entre base e oposição, após a eleição. Disse que ele próprio "ajudou" governos anteriores. "Fui candidato e ajudei o Itamar [Franco] a governar contra o PT. Ajudei o Lula a governar contra o PSDB", afirmou.

Intervenção militar

Ciro disse também que as Forças Armadas têm demonstrado um comportamento exemplar, com um "profissionalismo muito respeitável". "Nós brasileiros temos que ter orgulho do comportamento das Forças Armadas neste momento. Embora tenham sido vulgarmente chamadas para enfrentar de forma marquetológica, sem planejamento, sem orçamento, o drama da segurança pública no Rio de Janeiro, e sido chamadas agora para reprimir os trabalhadores e caminhoneiros do Brasil, têm conseguido, apesar de toda essa manipulação, se preservar."

Ciro disse não ver risco de um levante militar, mas ponderou que o Brasil vive neste momento uma espécie de golpe de Estado, que se dá pela via de um "soft golpe". "É um golpe ao século 21. Não é mais aquela sargentada como foi muitas vezes no passado do Brasil e do mundo", emendou.

O pedetista, entretanto, fez um paralelo entre os desafios vividos hoje no País ao período em que se configurou o golpe de 1964. O ex-ministro, inclusive, comparou políticos da atualidade a nomes que protagonizaram o golpe na época, citando nominalmente parlamentares como Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"É bom lembrar que em 1964 também aconteceu coisa parecida. 64 stricto sensu, as pessoas não sabem, mas o Auro de Moura Andrade, que era o Renan Calheiros da época, o Eunício Oliveira da época, declarou vaga a Presidência, dizendo que o presidente havia ido embora do Brasil quando o presidente estava no Rio Grande do Sul. E, ao declarar vaga a Presidência, empossou o Ranieri Mazzilli, que era o Maia da época, presidente da Câmara", disse Ciro. "Foi uma noite que durou 21 anos."

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Estadão
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