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Polícia

Suposto banco criado para lavar dinheiro de tráfico internacional é desarticulado pela PF

First Capital Bank estava em operação há quatro anos e era usado para financiar o tráfico; empresa movimentou mais de R$ 50 milhões

22 abr 2024 - 10h46
(atualizado às 11h48)
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Resumo
Policia Federal desarticulou neste mês o First Capital Bank, suposto banco criado por criminosos para lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas. Ao menos 12 pessoas ligadas à atividade criminosa já foram presas.
Suposto banco foi criado para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas
Suposto banco foi criado para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas
Foto: Reprodução/TV Globo

Um suposto banco criado por criminosos para lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas foi desarticulado pela Polícia Federal neste mês. O First Capital Bank foi descoberto a partir de uma apreensão de drogas no Pará, em meados de 2022, mas estava em operação há quatro anos. Ao menos 12 pessoas relacionadas à atividade criminosa já foram presas. As informações são do Fantástico, da TV Globo. 

De acordo com a investigação, em julho de 2022, uma denúncia anônima levou à PF até um sítio em Curuçá (PA), onde foram encontrados uma tonelada de cocaína, escondidas embaixo da terra. Na ocasião, duas pessoas foram presas e celulares foram apreendidos. 

A partir disso, é que a polícia descobriu atividades de uma quadrilha que realizava tráfico internacional de entorpecentes. A droga tinha como destinos a costa europeia e o ocidental africana. Mensagens interceptadas nos aparelhos apreendidos revelaram trocas de mensagens dos bandidos em um esquema de transporte dessas drogas nas águas do Pará. 

Conforme a reportagem, a saída do carregamento ilícito era feito em cidades menores no entorno da costa do estado. Pescadores locais eram contratados para levar a cocaína em barcos pesqueiros e as embarcações eram adaptadas com fundos falsos para esconder o entorpecente. 

Uma vez que os barcos estavam aptos para receber o carregamento, o transporte levava semanas até os destinos. Durante a investigação, os agentes descobriram que o aporte financeiro vinha da empresa First Capital Bank, apresentada como um banco, que servia para lavar o dinheiro proveniente do tráfico internacional. 

'Romper barreiras'

O suposto banco, como se apresentava, prometia 'romper barreiras' entre o cliente e seu dinheiro. No entanto, a barreira a ser rompida, na verdade, era a internacional, levando cocaína para o exterior com o dinheiro dos clientes. 

"A função do banco era tentar passar uma legitimidade para uma operação, verbas e valores ilícitos", afirma o delegado Lucas Gonçalves. 

Para isso, os donos captavam pessoas físicas e jurídicas, muitas delas, laranjas e empresas de fachadas e faziam movimentações financeiras milionárias. A PF estima que mais de R$50 milhões foram movimentados entre 2022 e 2023. 

"A gente não tem como afirmar que toda a carteira de clientes sabia que esse banco estava sendo movimentado pelo tráfico de drogas. A partir dessa fase da investigação, que deve estar ocorrendo o bloqueio desses valores, a suspensão das atividades, é que possíveis clientes, abastecidos de boa fé, devem se manifestar, questionando ou informando. Aí nossa equipe de investigação vai fazer análise detida disso", explica o delegado. 

No último dia 4, a Justiça Federal determinou a suspensão das atividades do banco e o bloqueio dos valores das contas. Na mesma data, uma operação da Polícia Federal do Pará foi realizada para desarticular a quadrilha, e prendeu 12 pessoas em sete estados e no Distrito Federal. 

De acordo com o Fantástico, a investigação aponta que os donos do banco são:

  • Regiane Pereira de Oliveira, sócia majoritária;
  • Nelson Piery da Silva, sócio e operador do mercado financeiro;
  • Nailton Rodrigues Coelho, sócio e operador do mercado financeiro.
Regiane Pereira de Oliveira, Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho são apontados como donos do banco
Regiane Pereira de Oliveira, Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho são apontados como donos do banco
Foto: Reprodução/TV Globo

Entre os três, apenas Nailton foi preso no início do mês, já os outros dois são considerados foragidos. Imagens mostram Nelson saindo com um carro preto de um condomínio de luxo em São Paulo, às 5h49, fugindo do local. Ele escapou 12 minutos antes da chegada dos policiais à sua casa. 

Regiane, que também não foi localizada, consta como uma banqueira no papel, mas aparece como beneficiária do Bolsa Família em 2020. A polícia a vê como 'testa de ferro' do crime, ou seja, sabe que seu nome é utilizado por grupos criminosos para lavagem de dinheiro, conforme o delegado. 

“A nossa linha de investigação é a de que essa mulher, que se apresentava como sócia, tinha conhecimento que o nome dela está sendo utilizado sim para benefício do grupo criminoso. Então, ela não figura propriamente, até esse momento da investigação, como laranja que não sabe o que está ocorrendo”, afirma Gonçalves.

As equipes da PF também foram até a sede da empresa, localizada na capital paulista, onde computadores, dólares e carros de luxo foram apreendidos. 

Os três já eram investigados pelos mesmos crimes, mas em Minas Gerais, e foram indiciados. Em 2023, eles foram alvos de uma operação da PF no estado, na qual os agentes apreenderam joias e dinheiro em uma mansão. As investigações sobre o caso continuam. 

Agora, a Polícia Federal tenta descobriu de quem partiu a ideia de criar o banco falso do tráfico. "Essa é sem sombra de dúvida, é uma das principais pautas da nossa investigação, que está em fase de processamento para a gente identificar de onde partiu esse núcleo", reforça o delegado. 

A empresa do suposto banco é ativa na Receita Federal e registrada na Junta Comercial de São Paulo, mas o registro não é de estabelecimento bancário. Além disso, conforme o Banco Central, o First Capital Bank nunca foi autorizado a funcionar, e nem cadastrado na  Federação Brasileira de Bancos (Febrabam). 

A emissora não conseguiu contato com as defesas de Regiane, Nelson e Nailton. 

Fonte: Redação Terra
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