PUBLICIDADE

Polícia

Rio: Justiça decreta prisão de advogados de Marcinho VP

26 nov 2010 - 20h36
(atualizado às 22h22)
Compartilhar

A 1ª Vara Criminal de Bangu decretou a prisão dos advogados do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Flavia Pinheiro Froes, Luiz Fernando Costa e Beatriz da Silva Costa de Souza, que seria amante de VP, são acusados de passar ordens de Marcinho e também de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. A atuação do trio foi flagrada por interceptação telefônica autorizada pela Justiça. A decisão foi do juiz Alexandre Abrahão.

Comunidade enfrenta revistas rigorosas no Alemão:

Na terça-feira, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro afirmou que quatro detidos em Copacaba teriam apresentado indícios de que a ordem para os ataques partiram de um presídio do segurança máxima de Catanduvas, no Paraná. A secretaria trabalha com a hipótese de que Marcinho VP tenha ordenado os ataques omo uma represália à instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) em favelas do Rio.

Os três advogados, além de Marcinho VP e Elias Maluco, vão responder por associação ao tráfico de drogas e pelos ataques praticados nos últimos dias pelas ruas do Rio. O juiz determinou que, quando presos, sejam transferidos para um presídio federal.

Na sentença, o juiz Alexandre Abrahão afirmou que a advogada Beatriz da Silva teria um relacionamento amoroso com Marcinho VP. "Nas investigações existem indícios de que a indiciada Beatriz mantinha relacionamento amoroso com o acusado".

Ordens continuam partindo de presídio
O conteúdo dos diálogos foi enviado ao governador Sérgio Cabral; ao presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Zveiter; e à chefia do Ministério Público do Estado (MPE). Em uma das conversas, duas advogadas, uma em Foz do Iguaçu (PR), e outra em Brasília, falam que Marcinho foi taxativo: "É para piorar os ataques".

Na quarta-feira, Marcinho VP recebeu na penitenciária federal de Catanduvas (PA) a visita de um advogado e da mulher dele, que não atua em seus processos, mas também se apresenta como advogada. Ontem à tarde, o traficante foi transferido com outros 11 chefes do tráfico, entre eles Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor; e Elias Maluco para a penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia (3,5 mil Km do Rio).

Há dois meses Marcinho VP e My Thor foram colocados no regime disciplinar diferenciado (RDD), desde que foram apreendidas duas cartas que falam de represálias às Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs).

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Nacional, Ophir Cavalcante, voltou a defender os advogados em relação às suspeitas de transmissão de mensagens de chefes do tráfico de drogas. "Sem provas, isso é leviano", disse Ophir.

Mais de 80 policiais civis investigam quadrilha
O chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, montou uma força-tarefa com foco principal as quadrilhas que dominam os complexos do Alemão e da Penha. A região se tornou o principal esconderijo da facção Comando Vermelho, que tem como principais líderes os traficantes Marcinho VP e Elias Maluco, ambos presos fora do Rio desde janeiro de 2009. Em 2007, o jornalista da Rede Globo Tim Lopes morreu na região na apuração de uma reportagem.

Desde o início da semana, cerca de 80 agentes e oito delegados reúnem dados sobre os grupo, que tem como principais líderes soltos Fabiano Atanásio da Silva, o FB, Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica, e Luiz Cláudio Serrat Corrêa. Apesar de terem ameaçado lutar pelo local, eles fugiram para o terreno vizinho, o Alemão, controlado por Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. Lá está concentrada a maioria dos refugiados das favelas já dominadas pelas UPPs.

O comando do grupo está a cargo do subchefe operacional, delegado Rodrigo Oliveira. E apesar de um suposto acordo entre o Comando Vermelho e a facção Amigos dos Amigos (ADA), que domina a favela da Rocinha, uma ação na comunidade de São Conrado só acontecerá se os bandidos de lá entrarem na onda de ataques.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Com isso, desde domingo, o número de mortos na onda de violência nas ruas do Rio de Janeiro e nas cidades da região Metropolitana chegou a 32. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

Fonte: O Dia
Compartilhar
Publicidade