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Polícia

PM nega acusação de forjar flagrante e abre sindicância sobre vídeo

2 out 2013 - 20h19
(atualizado em 3/10/2013 às 09h44)
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Após a divulgação de um vídeo que mostraria um flagrante policial sendo forjado contra um manifestante, a Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou nota rechaçando a acusação e alegando que o adolescente teria sido abordado por "conduta atípica". Mais tarde, a corporação afirmou que abriu sindicância para analisar as imagens e que as cenas da abordagem serão objeto de análise. O vídeo foi divulgado pelo jornal O Globo.

As imagens mostram um policial alegando ter encontrado um morteiro, que já estava em sua mão cenas antes, na mochila de um jovem, durante protesto ocorrido no dia 30 de setembro. Segundo primeira nota divulgada pela Polícia Militar, na tarde desta quarta-feira, não foi "imputada" ao adolescente "nenhuma posse de morteiro ou similar", e "não houve flagrante", mas sim um registro de "conduta atípica".

"Minutos antes de sua detenção, o menor foi visto em correria junto com outros manifestantes mascarados. A autoridade policial o deteve apenas para averiguação. Ele foi liberado na delegacia na presença de uma responsável", diz a nota. Porém, o vídeo mostrava o manifestante sendo detido enquanto caminhava, próximo ao local da manifestação dos professores do Rio de Janeiro, e não o mostra de máscara. Ele é algemado e levado por policiais, enquanto seus amigos gritam "cadê o morteiro?".

Mais tarde, o comando da PM substituiu em seu site a nota sobre o caso, passando a afirmar que "abriu sindicância para analisar as imagens em que um policial supostamente teria forjado flagrante". "Apesar da acusação de haver flagrante forjado, na delegacia não houve nenhum registro de posse de fogos de artifício em face do menor (...) O documento de apreensão dos fogos registra apenas que os mesmos foram encontrados no chão."

"O procedimento 005-10087/2013 da 5ª DP (Mem de Sá) registra o encontro de três (3) morteiros na calçada. Não atribui sua posse a nenhum manifestante. Vale lembrar que na noite seguinte, de terça-feira (01/10) foram depredadas 23 agências bancárias, e duas lojas de telefones celulares (ambas com furto de material)."

Veja a nota excluída do site da PM fluminense:

Foto: Reprodução

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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