PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

RJ: após chuva, moradores vivem dentro de carros em Queimados

Com medo, após a chuva que castigou o município da Baixada Fluminense, alguns moradores improvisaram moradias nos carros, no alto de um morro

12 dez 2013 - 15h58
(atualizado às 17h18)
Compartilhar
Exibir comentários
Família Valusek em frente ao Kadett 88: a casa improvisada da família, após as fortes chuvas
Família Valusek em frente ao Kadett 88: a casa improvisada da família, após as fortes chuvas
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Na rua Rei Pelé, no bairro de Parque das Palmeiras, no município de Queimados, na Baixada Fluminense, as fortes chuvas que caíram na região na madrugada da última quarta-feira e que deixaram quase 2 mil pessoas desalojadas e mais de 100 desabrigadas, de acordo com o último balanço da Secretaria estadual de Assistência Social, a ordem é uma só: “dormir com a mosca na orelha”.

A frase é do aposentado José Ferreira Virtosa, 61 anos, e não tem nenhuma intenção humorística. Ele a diz com o rosto cansado, e sério. De quem está sempre preocupado. Principalmente ao avistar os dois netos dormindo, na manhã desta quinta-feira, num Escort ano 1983, com os dois bancos dianteiros rebaixados. Por ora, esta é a “residência oficial” da família Virtosa.

“Não vou voltar para a minha casa enquanto essas chuvas estiverem ameaçando cair. Eu até poderia voltar, mas não vou colocar a vida da minha família em risco”, disse, seguro. Enquanto a filha cuida da outra neta, mais nova, na casa de parentes que vivem na cidade, mas em área que não foi atingida pelo temporal, Seu José faz suas necessidades “ali no mato mesmo”, e espera o momento certo para regressar. “Tem um monte de gente pior do que eu aqui.”

É o caso de dona Ruth Silva Valusek, 62 anos, diarista. Ao contrário do colega, a casa dela foi interditada pela Defesa Civil municipal. “Não tenho para onde ir nesse momento”, conta ela, ao lado do marido, e de dois netos, que também dormem em um Kadett ano 1988. Segundo dona Ruth, cerca de 16 famílias criaram um estacionamento improvisado no alto de um morro do Parque das Palmeiras e fixaram residência ali. 

“A gente dá graças a Deus que está com a vida salva, mas tinha gastado o que eu tinha para comprar algumas coisas para o Natal e foi tudo embora, junto com os meus móveis, geladeira e outros eletrodomésticos”, lamenta, chorando. Ela pede ajuda de amigos próximos para tomar banho, e cozinhar alguma coisa. “Está vendo minha filha vindo? É o nosso café da manhã”, conta. “Estou com fome.”

Crianças brincam, enquanto para os pais, o drama é buscar uma solução e ter uma nova moradia
Crianças brincam, enquanto para os pais, o drama é buscar uma solução e ter uma nova moradia
Foto: Daniel Ramalho / Terra

A filha, Tatiane Silva Valusek, acabara de sair da casa de uma amiga, onde cozinha para a família comer ao lado do “carro-casa”. “Eu faço comida e trago para cá. Fico nesse vai e volta. A gente tem que se alimentar, ainda bem que os vizinhos ajudam”, disse Tatiane.

Elas relatam que não vão ficar esperando "nem aluguel social, nem promessa de casa nova. Já estamos de saco cheio disso". Com o marido desempregado e sem as patroas que lhe garantiam trabalho semanal na zona sul do Rio de Janeiro, já que “elas mudaram para Vitória uma, e Brasília outra”, dona Ruth tem medo não só de perder a casa, mas de seu futuro, do seu Natal.

“Vai ser triste. Se já não tinha dinheiro para comprar o peru de Natal, imagina agora que minha comida foi toda estragada e não tenho nem uma mesa para montar uma ceia bonita?”

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade