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Cacique Raoni viaja à Europa para denunciar ameaças à Amazônia

13 mai 2019 - 07h33
(atualizado às 08h35)
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Conhecido internacionalmente, líder caiapó alertará europeus para exploração de terras indígenas por madeireiros e pelo agronegócio. Agenda da viagem de três semanas inclui encontros com Macron e o papa Francisco.O líder indígena brasileiro Raoni Metuktire chegou à Paris neste domingo (12/05) para dar início a uma viagem de três semanas pela Europa com o objetivo de denunciar ameaças à Amazônia. A agenda inclui encontros com chefes de Estado, celebridades e o papa Francisco.

Cacique Raoni pretende arrecadar fundos para proteger reserva do Xingu e povos que nela habitam
Cacique Raoni pretende arrecadar fundos para proteger reserva do Xingu e povos que nela habitam
Foto: DW / Deutsche Welle

Líder da etnia caiapó, o cacique de 87 anos ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia. Ele tentará arrecadar um milhão de euros para proteger O Parque Nacional Indígena do Xingu - reserva onde vivem vários povos indígenas - de madeireiros e do agronegócio. Raoni viaja acompanhado de outros três líderes indígenas que vivem no Xingu.

Na França, Raoni se reunirá com o presidente Emmanuel Macron e seu ministro do Meio Ambiente, François de Rugy. As lideranças indígenas seguem então para Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Mônaco e Itália.

A viagem de Raoni ocorre num momento de apreensão para os povos indígenas no Brasil devido a medidas adotadas ou anunciadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em abril, Bolsonaro afirmou que propôs a seu homólogo americano, Donald Trump, a abertura da exploração da região amazônica em parceria com os Estados Unidos. O presidente criticou também o que chama de "indústria" de demarcação de terras indígenas, que inviabilizaria projetos de desenvolvimento da Amazônia, e afirmou que pretende rever demarcações. O governo também defendeu a possibilidade de ampliar atividades de mineração e agropecuária em terras indígenas.

Logo que assumiu a Presidência, Bolsonaro transferiu a responsabilidade pela demarcação de terras da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura. Na semana passada, uma Comissão do Congresso aprovou o retorno da atribuição para a Funai, assim como a volta da fundação, transferida para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, para a alçada do Ministério da Justiça. O parecer aprovado pela comissão ainda precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado.

Os fundos que Raoni pretende arrecadar devem ser uados para sinalizar melhor os limites da reserva do Xingu e comprar drones e equipamentos para vigiar a região e protegê-la contra incêndios, segundo a Foret Vierge, organização que Raoni preside de forma honorária.

Além disso, algumas comunidades no Xingu necessitam de recursos para saúde, educação e conhecimento técnicos para a extração e comercialização de produtos renováveis obtidos na floresta.

"Assim, os indígenas poderiam viver de forma digna na reserva e, ao mesmo tempo, proteger a floresta, em vez de ir a áreas rurais ou urbanas", disse a Foret Vierge em comunicado.

A viagem de Raoni recebeu o apoio de figuras como o cantor Sting, que há 30 anos realizou uma viagem ao lado do cacique por 17 países e o ajudou a ganhar notoriedade internacional na luta pela proteção dos povos do Xingu.

LPF/afp/ots

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