Cada passo para a prisão de Bolsonaro traz um lampejo de esperança
Pessoas negras e outras minorias sabem o mal que o bolsonarismo faz a causas sociais
Na manhã desta sexta-feira, 18, a polícia federal bateu na casa do ex-presidente do Brasil Jair Messias Bolsonaro, a mando do ministro Alexandre de Moraes. Com ele foram encontrados dólares e reais em espécie. A partir de agora, Bolsonaro está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas de outras nações, também não poderá mais usar redes sociais e usará tornozeleira eletrônica. Provavelmente foi constatado um grande risco de fuga, o que já era esperado do ex-presidente.
Talvez possa não parecer, mas a ofensiva contra Bolsonaro é um suspiro em um mundo que cada dia mais se inclina para a extrema direita. Quando falo da extrema direita não me refiro só ao viés econômico, mas também a todas as pautas morais e anti progresso que vem atrelada a ela. Uma extrema direita que não gosta de bolsa família, cotas raciais e de classe, tão pouco querem discutir sobre abroto e direitos da comunidade lgbtqiap+, uma extrema direita que só pensa em sacrificar ainda mais o trabalhador e arrancar lucros não só para si, mas para quem a apoia, nem que para isso tenham que fazer guerras, interferir na soberania de países e, quem sabe, em último caso, correr para a última alternativa do capitalismo que é o facismo.
O bolsonarismo é a extrema direita do Brasil, que hoje perdeu um pouco de força, mas a cada dia tem mais apoio das extremas direitas estrangeiras a fim de barrar os avanços do Brasil sem depender de países como os Estados Unidos. Essa força vai além das declarações de Trump, das taxas que ele pretende impor ao Brasil, a crítica ao pix e a troca com Eduardo Bolsonaro. Essa ajuda provavelmente vem com espionagem, colaboração na produção e disseminação de fake news, apoio de redes sociais mitigando a entrega de conteúdos à esquerda e impulsionando conteúdos, ainda que mentirosos, da direita, entre outras coisas que já vimos, inclusive na queda da Dilma.
A ascensão, ou manutenção, da extrema direita no Brasil é, em rigor, a falência de todos os direitos adquiridos por minorias. Trago o exemplo de Michel Temer que, ao golpear Dilma, aprovou a lei que pulverizou os direitos dos trabalhadores brasileiros. Bolsonaro representa um risco ainda maior, porque, ao meu ver, ele não irá só nos direitos trabalhistas, ele caçará conquistas que o MNU (movimento negro unificado) conseguiu após muito sangue e suor derramado. Veremos universidades federais sucateadas, privatizações de diversas estatais, SUS sendo esvaziado e outras atitudes que vão contra ao povo brasileira, sobretudo pobre e preto.
Se engana também quem pensa que o imperialismo estadunidense está preocupado com “libertar” do Brasil. O único objetivo de Trump é afastar o Brasil do BRICS, ter o maior PIB da América do Sul ao seu lado e ceifar qualquer chance da América Latina deixar de ser dependente dos Estados Unidos e seus aliados. Então as ameaças que ele faz ao Brasil é, em dada medida, o mesmo que o EUA faz com Venezuela e Cuba, Ou dança conforme a minha música ou eu complico sua economia. Bem livre comércio, né?
A possível prisão de Bolsonaro pode ser o primeiro passo para retornarmos ao trilho do progresso. Pensar em resgatar os direitos trabalhistas, ver uma sociedade voltada a mitigar o abismo racial e não ser vítima de uma polícia sectária. Bolsonaro representa uma burguesia, a qual ele não faz parte, mas viu nele a chance de fazer a manutenção dos seus privilégios. Burguesia essa que morre de medo de perder seus meios de produções que começaram a ser adquiridos em uma época que negros ainda era escravizados. Enquanto a figura de Bolsonaro não for devidamente tratada como criminosa não só a democracia estará em perigo, assim como os poucos direitos que conquistamos ao longo das décadas.