Volvo quer resgatar paixão por peruas com V60; veja teste
- Karina Craveiro
- Direto de São Paulo
"Mas você acha que teremos espaço no mercado com ele, tem tanto SUV por ai, não?", questiona o diretor comercial da Volvo, Douglas Pontele, durante o almoço de apresentação da primeira perua da marca sueca no Brasil, o V60. De fato, Pontele tem noção de que o mercado nacional, nos últimos anos, viu peruas descontinuadas por várias marcas, e a preferência por utilitários esportivos crescer em detrimento das chamadas station wagons. No segmento de luxo, então, o V60 tem poucos oponentes. Na briga estão Volkswagen Jetta Variant, Passat Variant e Audi A4 Avant. O Volvo V60 é o único belga entre os alemães, apesar de ser fabricado por uma marca sueca. E as diferenças não param por aí.
O passo a frente da Volvo começa pela parte externa. De início, saltam aos olhos o design arrojado do modelo, com linhas agressivas, caimento suave do teto, típicas dos veículos da montadora, comprada pela chinesa Geely. Na dianteira, a grade esportiva em acabamento "black piano" compõe bem o visual. Nas laterais, os frisos em alumínio emolduram toda a área envidraçada. Na parte traseira estão as lanternas altas e as saídas duplas de escapamento. Por fim, as rodas de 18 polegadas entregam que se trata da linha R-Design, grife esportiva da marca, e única escolhida para o Brasil.
O teste tem início na Zona Sul de São Paulo, e parte em direção à cidade de Porto Feliz, a cerca de 100 km da capital paulista. Ao entrar no V60, é possível perceber alguns pontos positivos da perua. O requinte continua com a presença de couro no revestimento das portas e nos bancos - com costura aparente -, frisos cromados no acabamento das maçanetas e das portas, painel central flutuante em alumínio, e a utilização de material soft-touch por toda a extensão do painel. O banco do motorista ainda tem regulagem elétrica - com memória de posição. Como a proposta da Volvo é que o V60 seja um carro familiar - mas luxuoso e confortável ao mesmo tempo -, a montadora cumpre o que diz, e os passageiros do banco traseiro têm todos os itens de conforto, como saída de ar-condicionado laterais, instaladas na coluna "B", e até um apoia-braço central, equipado com porta-copos. Ainda no banco de trás, há uma saída de acesso ao porta-malas. A linha de cintura alta passa a sensação de proteção aos ocupantes. E até lembra a mesma impressão de segurança tão apreciada em um SUV.
A chave do V60 é encaixada no painel, o botão de "Start" é pressionado, e o motor 2.0 l de 240 cavalos de potência desperta. A unidade de força, aliás, é a mesma utilizada pelo "best-seller" Land Rover Range Rover Evoque e pela nova geração do Ford Fusion, que está prestes a estrear no mercado nacional. Além do propulsor compartilhado, o V60 utiliza a mesma base do Ford Mondeo europeu. Parece que a Volvo quis pegar o que de melhor havia da Ford antes de se desvencilhar das fabricantes.
Uma única acelerada com o V60 é necessária para descobrir que o motor é um dos pontos altos desta perua ¿ e ao longo do teste, a dúvida que surge é porquê a Volvo trouxe ainda a motorização 3.0 l de 304 cavalos se o propulsor menor já "sobra" para o carro. Só que o pedal do acelerador tem que ser aliviado quando logo surge uma valeta no caminho. A suspensão bate dura, mesmo com a menor velocidade, e os ocupantes sentem desconforto. A "desculpa" é que se trata de um conjunto mais "durinho" e acertado especialmente para uma direção esportiva. A direção, também muito rígida, parece ter um pequeno delay.
Já na estrada, dirigir pode ficar mais divertido quando o motorista escolhe fazer a troca das marchas no modo manual, na manopla do câmbio ¿ e se a ideia era ser esportivo, ficaram faltando borboletas atrás do volante. As respostas são imediatas e comprova o belo "casamento" entre câmbio e motor. O curioso é um barulho de vento logo aos 120 km/h. "Deve ser por conta dos retrovisores muito grandes", diz um dos colegas que faz o teste no mesmo carro.
O V60, como suas peruas concorrentes, vem recheado de itens de série de entretenimento e segurança. Na versão testada, a station traz ar-condicionado digital, sistema de áudio com oito alto-falantes e conexão com iPod, sensor crepuscular e de chuva, faróis de xênon adaptativos e teto-solar. Mas o "algo a mais" no segmento também ocorre em termos de tecnologia. O modelo traz de fábrica o chamado City Safety, que freia o carro automaticamente caso o motorista não reaja a tempo de evitar uma colisão iminente. Na versão topo de linha, chamada de T6 R-Design, o V60 ainda tem detector de pedestres com frenagem automática, que evita impactos até 35 km/h, com câmera e radar, além de um piloto automático adaptativo. Os controles de estabilidade e de tração são "triviais", e estão presentes em todas as configurações.
A família que tiver interesse em itens extras tem de abrir o bolso, no entanto. Entre os acessórios disponíveis estão um kit multimídia ¿ com tela de sete polegadas com DVD, GPS integrado e câmera traseira de estacionamento -, por R$ 15.599, câmera dianteira, por R$ 2.599, e sensor de estacionamento dianteiro, por R$ 2.499. Um rack de teto sai por R$ 1.289, enquanto um suporte de bicicleta custa R$ 719. A Volvo acredita que consegue resgatar a paixão do brasileiro por peruas, e oferece o V60 a partir de R$ 130.900. Preço salgado, mas a fabricante quer vender só 100 unidades do veículo até dezembro. E, de fato, o V60 é tudo o que um pai de família gostaria de ter.