Review: Geely EX5 é bom, mas precisa de ajustes para agradar no Brasil
SUV elétrico chinês mostra bom nível de tecnologia e acabamento, mas direção solta e suspensão mole pode não agradar a muitos brasileiros
Durante uma semana de testes, rodamos cerca de 650 km com o Geely EX5 em uso urbano e rodoviário. O alcance real ficou em torno de 350 km, abaixo dos 413 km declarados pelo PBEV, mas dentro da média da categoria. Tivemos que fazem duas recargas e a potência de carregamento de 100 kW mostrou ser excelente (foi de 35% a 90% em meia hora).
Geely EX5 é discreto no trânsito, mas indócil na estrada
O Geely EX5 utiliza um motor elétrico dianteiro de 160 kW (218 cv) e 320 Nm de torque, o que garante uma rápida aceleração de 0 a 100 km/h, em 6,9 segundos. O motor tem alta eficiência (90%) e o carro oferece várias configurações de desempenho/regeneração. O carro é bem discreto no trânsito, mas visto de perto tem detalhes visuais que agradam.
Em contrapartida, a direção muito solta e a suspensão excessivamente macia comprometem a previsibilidade da condução, especialmente em curvas e frenagens fortes, mas até mesmo nas retas. Trata-se de uma característica dos carros chineses que a Geely deve ajustar para agradar à maioria dos motoristas brasileiros, que prefere carros com respostas mais firmes.
O interior agrada por tecnológico e arejado. O aproveitamento de espaço chega a 67% da carroceria, um ótimo índice para a categoria. O porta-malas tem 461 litros e pode chegar a 1.877 litros com os bancos traseiros rebatidos, além de contar com assoalho em três níveis e abertura elétrica. Um detalhe exclusivo que agrada é o apoio para as pernas no banco do passageiro.
O Geely EX5 mede 4,61 m de comprimento, 2,71 m de entre-eixos, 1,90 m de largura e 1,67 m de altura, posicionando-se entre SUVs médios como BYD Song Plus e Haval H6.
Onde fica a Universidade de São Paulo? O navegador não sabe
O chinês elétrico oferece um conjunto moderno de equipamentos: painel digital de 10", tela central de 15", comando de voz “Olá, Geely” (pronuncia-se Dili), bancos com ventilação e massagem, e head-up display.
A ausência de Android Auto, porém, prejudica a experiência de conectividade – um ponto sensível para o consumidor brasileiro. A Geely ainda não informou quando o sistema será incluído nos carros vendidos no país.
Da mesma forma, o navegador nativo é muito limitado, incapaz de mostrar corretamente um endereço a menos de 500 metros do destino. Não sabe, por exemplo, onde fica a Universidade de São Paulo (USP), umas das maiores do Brasil. Em compensação, a versão Max adiciona 13 sistemas de assistência à condução (ADAS) e rodas de 19 polegadas, enquanto a Pro traz rodas de 18 polegadas e seis airbags de série.
O Geely EX5 estreou no Brasil em duas versões – EX Pro (R$ 205.800) e EX5 Max (R$ 225.800) – ambas equipadas com o mesmo conjunto de motor e bateria (60 kWh). O objetivo da marca é conquistar espaço entre os SUVs médios eletrificados, apostando em tecnologia, conforto e um pacote de segurança completo. Um detalhe interessante é sua associação com a Renault do Brasil.
Neste primeiro momento, entretanto, não foi possível perceber que a Geely usou sequer um décimo da experiência que a Renault tem no mercado brasileiro, pelos detalhes relatados. Por óbvio, são pontos que a Geely vai tirar de letra, pois trata-se de uma gigante chinesa, com capacidade de ensinar muita coisa a marcas tradicionais presentes no país.
Com pequenas evoluções, o Geely EX5 tem potencial para ser uma das opções mais equilibradas entre os SUVs elétricos médios vendidos no país. Aguardamos por isso.