Peças de reposição recondicionadas: vale a pena confiar?
Especialista dá dicas sobre quando e onde utilizar esse tipo de peça sem gerar dores de cabeça no futuro
Em um cenário onde manter o carro em dia pesa cada vez mais no bolso, recorrer a peças recondicionadas pode parecer uma solução prática para baratear a conta da oficina.
Mas, como alerta Luciana Félix, especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina, em Belo Horizonte, é preciso cuidado para não transformar economia em risco.
"Peça recondicionada é, basicamente, uma peça que já foi usada, mas que ainda tem alguma vida útil," explica Luciana.
"Ela é desmontada, passa por limpeza, lubrificação, troca de componentes internos, e volta ao mercado". Isso é diferente da peça usada, que sai direto de um carro para outro sem revisão. O recondicionamento dá sobrevida - mas nem sempre garante segurança total.
Não faltam exemplos no mercado: alternadores, motores de partida e caixas de direção são algumas das mais comuns de serem recondicionadas. O problema, segundo Luciana, é saber quando vale a pena usar - e quando é melhor fugir.
Riscos
"Dependendo da peça e do local onde será instalada, existe risco", alerta a especialista. "Peças ligadas ao sistema de freios, por exemplo, não devem ser recondicionadas. É área crítica de segurança para motorista e passageiros".
Por isso, a recomendação é clara: sempre dê prioridade a peças novas - e de marcas confiáveis. "Às vezes a peça barata demais é sinal de qualidade inferior. E uma peça ruim pode sair caro depois", reforça.
Na hora de comprar, Luciana recomenda atenção redobrada, principalmente fora das concessionárias. "Pergunte sempre se é peça nova ou recondicionada. Mesmo recondicionada, o lojista tem obrigação de dar nota fiscal e garantia - o Código de Defesa do Consumidor protege o cliente", lembra.
Outro detalhe: muitas oficinas colocam marcas discretas nas peças para rastrear a origem. Mas para o motorista comum, descobrir se a peça é nova ou não, depois de instalada, é quase impossível. Por isso, confiança na oficina é fundamental.
Carros antigos
Quando o assunto são carros mais antigos, a peça recondicionada pode ser a única alternativa. "Se não existe mais fabricação, não tem peça nova no mercado, aí a saída é recorrer ao que ainda tem vida útil," explica Luciana. É o caso de alternadores, por exemplo, que podem ser abertos, ter partes substituídas e voltar a rodar sem comprometer a segurança.
"A regra é simples: primeiro, peça nova. Se não existir, aí sim avalia-se a recondicionada - mas sempre com cuidado para saber onde vai ser instalada", avisa.
Manter o histórico do carro numa oficina de confiança, exigir nota fiscal, checar a procedência das peças e entender os riscos são atitudes que evitam dores de cabeça.
"Usar peça recondicionada nem sempre é problema. Desde que seja feito da forma certa e no componente correto, é seguro - e pode salvar o carro quando não há peça nova no mercado", conclui Luciana.