O que esperar do centro de pesquisa e desenvolvimento de condução autônoma da BYD no RJ
Centro pode ser importante polo de validação de tecnologias, com dados e sistemas de trânsito desenvolvidos para o Brasil
Recentemente, a montadora chinesa BYD e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciaram a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de condução autônoma na capital fluminense. O anúncio foi posterior à abertura oficial de sua fábrica em Camaçari (BA), evento que o Jornal do Carro esteve presente.
O espaço, que será construído na Avenida Rio de Janeiro, próximo ao Aeroporto do Galeão, será dedicado a pesquisa em condução autônoma, inteligência artificial aplicada à navegação e soluções de eficiência energética, entre elas, a adaptação dos motores para uso de etanol.
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Mas afinal, o que um centro desse tipo no Rio representa? Há benefícios nesse projeto? David Wong, diretor sênior na Alvarez & Marsal, explica que o projeto vai além da questão logística. "Os centros de desenvolvimento dessa tecnologia na China são excelentes, de classe mundial, mas ter uma base avançada no Brasil faz sentido, até pela melhor calibração dos sistemas", afirma o executivo.
Os dados a serem coletados por aqui podem não só ajudar na criação de sistemas melhor aplicados à condição específica brasileira, como também ao mercado latino-americano, acrescenta Wong. "Tem uma coisa que o engenheiro chinês não vai entender: o comportamento local. Os dados coletados aqui ajudam a compreender não só o comportamento do motorista, mas também da sinalização, dos pedestres e até animais que possam cruzar a pista, por exemplo", conclui.
Simulação de cenários urbanos e desenvolvimento local de software são frentes possíveis do projeto
Mas nem só do imprevisível comportamento externo ao carro se resumem os testes. Segundo o professor Glaydston Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, a simulação de cenários de risco, bem como dados de cibersegurança, são frentes importantes a serem desenvolvidas por aqui.
"Esse centro da BYD no Rio pode permitir a criação de uma massa crítica de engenharia de software automotivo no Brasil, bem como a validação de tecnologias em um ambiente urbano complexo, levando em conta situações como túneis, motocicletas, o próprio BRT e até mesmo as fortes chuvas que acontecem por aqui", comentou.
Além disso, Gladyston acredita que a participação da Coppe/UFRJ no projeto possa ocorrer, naturalmente. "Ainda não há nenhum comunicado oficial, mas a Coppe/UFRJ é o maior centro de pós-graduação em engenharia da América Latina, e sua parceria no centro pode acontecer de maneira natural, a depender da estratégia da montadora", conclui o professor.
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