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Fábrica da BYD no Brasil: 5 vezes em que gerou choque antes mesmo da inauguração

Marca chinesa tem atraído a atenção por motivos que vão além de seus carros; agora, começa uma nova fase com montagem local de veículos

10 out 2025 - 18h58
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Em um período surpreendentemente curto, a BYD conquistou feitos notáveis no mercado brasileiro. A marca chinesa, recém-chegada, já figura na lista das 10 que mais vendem carros no País e lidera com folga o licenciamento de veículos elétricos.

Em paralelo a esse sucesso, contudo, a empresa se envolveu em movimentações e polêmicas que deixaram o restante do setor automotivo de cabelos em pé.

Nesta quinta-feira, 9 de outubro, a companhia dará um passo crucial com a inauguração oficial de sua fábrica de carros em Camaçari (BA). Ali, vai montar elétrico Dolphin Mini e do híbrido Song Pro.

O Jornal do Carro lista seis fatos que definem o histórico da BYD no Brasil e explicam por que o início da operação na Bahia marca uma fase decisiva para a gigante chinesa.

1- Compra da fábrica que pertencia à Ford

Em outubro de 2023, a fabricante chinesa anunciou a primeira etapa do seu "fincar de pés" no Brasil com a produção de automóveis. Antes disso, já fazia ônibus localmente, em Campinas (SP). A empresa comprou a antiga planta da Ford em Camaçari (BA) que foi devolvida ao governo do Estado quando a montadora norte-americana encerrou a produção nacional.

O complexo, inaugurado em 2001, estava inativo desde 2021. A parada na operação da Ford foi devastadora para a economia do município. Por isso, o anúncio de que uma montadora novata no Brasil retomaria a operação ali gerou forte repercussão positiva na esfera política e social da região.

2- Alto volume de carros importados irrita concorrência

Apesar da promessa de produção local, a BYD não parou de importar alto volume de carros. Com o início da montagem local marcado inicialmente para o fim de 2024 e uma série de atrasos subsequentes, a marca se apressou em trazer da China veículos prontos.

Desde 2022, a companhia licenciou mais de 170 mil carros no País e a estimativa é que dezenas de milhares de veículos adicionais estão em estoque. O motivo? Antecipar-se ao aumento escalonado do imposto de importação para elétricos e híbridos, que deve chegar a 35% em julho de 2026.

Esse movimento irritou a concorrência. Montadoras que produzem no Brasil alegam sofrer uma concorrência injusta com a BYD, que estaria conquistando mercado sem gerar o mesmo nível de empregos ou enfrentar os desafios do chamado "custo Brasil" de fabricação.

3- Flagra de trabalho similar à escravidão

Em dezembro de 2024, a BYD se envolveu no maior escândalo trabalhista recente do setor. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) flagrou pessoas em condições análogas à escravidão na construção da fábrica na Bahia.

Os trabalhadores eram chineses, contratados por companhias terceirizadas para a edificação da unidade. Foram 471 pessoas trazidas irregularmente ao Brasil. Desse total, 163 foram resgatados em condições degradantes, em jornadas exaustivas.

O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) processou a montadora e duas empreiteiras em maio, pedindo R$ 257 milhões por trabalho escravo e tráfico de pessoas. Em comunicado, a BYD declarou compromisso com a defesa dos direitos humanos, mas o fato gerou uma onda de críticas sobre o controle de sua cadeia de fornecedores e parceiros.

BYD abre fábrica em Camaçari
BYD abre fábrica em Camaçari
Foto: BYD/Divulgação / Estadão

4- Condições especiais para importar carros desmontados (CKD e SKD)

Outra movimentação que gerou revolta entre concorrentes envolveu a negociação de condições especiais para importar carros desmontados. A primeira etapa da operação em Camaçari não será de produção com alto índice de nacionalização, mas sim de montagem a partir de kits trazidos da China (regimes CKD e SKD).

Em julho deste ano, após pedido da BYD, o Governo Federal aprovou a isenção do imposto de importação por seis meses para montadoras que operam dessa maneira. O tributo normal varia de 18% a 20%. Essa medida provisória permitiu à BYD e outras empresas iniciarem a montagem local com custos reduzidos, gerando protesto das marcas tradicionais que já fazem carros aqui.

5- Inauguração solene, porém sem produção efetiva

A pressão para o início da produção gerou um fato inusitado: em julho deste ano, a BYD fez uma inauguração solene da fábrica baiana, chamando a imprensa e abrindo as portas da unidade. No entanto, o evento não marcou o início real da montagem local.

O evento "para valer" acontece agora, em 9 de outubro, com a presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa é que, a partir deste momento, a montagem dos kits CKD/SKD comece de fato e o caminho brasileiro da BYD seja pavimentado com menos polêmicas e mais carros "nacionalizados" nas concessionárias.

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Estadão
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