Conheça carros de coleção que têm preços de um top 0 km
22 set2012 - 10h42
(atualizado às 11h07)
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Karina Craveiro
Direto de São Paulo
"Não sei se venderia por R$ 125 mil. É que a vaidade não tem preço", diz o engenheiro Nilson Rodrigues, 55 anos, justificando por que não pensa em desfazer-se de seu Jaguar XJ6 L, ano 1975, raro no Brasil, e que, se vendido por essa quantia, teria o mesmo valor de uma Mercedes C 180 Turbo ou um Volvo S60 0 km. O modelo foi comprado por ele em um leilão nos Estados Unidos, em 2005, para satisfazer uma vontade de garoto. "É prazeroso ver meu carro em dia. Sempre fui apaixonado por Jaguar e quero conservá-lo sempre assim". Ao contrário de Rodrigues, o aposentado Francisco Varca Junior prefere não estipular um preço para seu Porsche 911 Targa S, ano 1975, comprado em uma loja de antigos, em São Paulo. "Não falo sobre valores porque existem três tipos: quanto pedem no carro, quanto ele vale e quanto pagam por ele. E eu não quero pensar nisso. Quero é passear com meu Targa por aí", diz Varca aos risos.
O mercado de veículos antigos de luxo no Brasil não é tão grande e nem tem tanto potencial quanto o americano ou o europeu. Ainda. Pelo menos essa é a expectativa de especialistas, que apostam no nicho, voltado primeiramente para colecionadores excêntricos e vidrados em modelos raros e em perfeito estado, como Rodrigues e Varca, e ainda dispostos a pagar quantias elevadas, dependendo do modelo.
"Lá fora está tudo muito bem estabelecido, com leilões frequentes, vendas diretas. Existe de tudo. Além disso, obras de arte e carros antigos são usados como investimento. Mas as coisas no Brasil funcionam bem e vão ficar melhor", aposta Otávio Pinto de Carvalho, presidente do Veteran Car Club de Minas Gerais. No último encontro do clube em Araxá (MG), cerca de 70% dos modelos expostos no leilão foram arrematados. Entre eles, um Ford Thunderbird, ano 1957, por R$ 250 mil.
O valor pode parecer elevado demais para um modelo antigo. Acontece que não existe nenhuma tabela de preços definida nesse mercado. "Eles são avaliados conforme a marca, modelo, ano e, principalmente, seu estado de conservação ou raridade. Costuma ter como base os mercados americano e europeu", explica João Siciliano, proprietário da J.S. Autos Antigos, especializada na comercialização e locação desse tipo de veículo em São Paulo. Entre os modelos à venda na loja estão o Horch 1939 Phaeton, segundo ele, único no País, e o Cord 1936 Westchester, marca cobiçada por artistas de Hollywood, ambos com preço sob consulta, segundo Siciliano.
A justificativa de preço é parecida com a de Ricardo Robertoni, proprietário da Private Collections, também especializada em antigos. "São modelos especiais, com preços também especiais que variam muito. Não dá para comparar com o mercado de zero km". Entre os modelos da loja estão um Chevrolet Camaro 327, ano 1966, oferecido por R$ 185 mil; um Jaguar XK 120, ano 1950, por R$ 450 mil; e um Chevrolet Corvette Roadster, ano 1959, por R$ 440 mil. Por esses mesmos valores, são vendidos, 0 km, Audi A5 Sportback, BMW X5 M e Land Rover Range Rover 5.0l, respectivamente.
Além desses, outros clássicos como Ford Thunderbird, ano 1957 (R$ 215 mil); Cadillac DeVille, ano 1968 (R$ 175 mil); Mercedes-Benz Pagoda, ano 1968 (R$ 165 mil); e um Alfa Romeo 2000 Spider, ano 1972 (R$ 82 mil) fazem parte do portifólio atual da Private.
Por serem antigos e só terem valor bem conservados, a manutenção é indispensável, mas não vista como um problema. "Arrumo os componentes na Europa, chegam por encomenda, não tenho dificuldades. Na maioria das vezes são peças mais baratas que de modelos nacionais", diz Rodrigues. "Costumo dizer que o antigo estraga de ficar parado. A manutenção não é trabalhosa e cara desde que o mesmo esteja sempre em pleno funcionamento. Há 20 anos era mais difícil encontrar partes. Mas o colecionador que gosta, acaba vencendo as barreiras e chegando ao seu objetivo final, que é curtir o automóvel", completa Siciliano.
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