Congestionamentos colocam veículos brasileiros em regime de uso severo
Estudos mostram que a rotina de trânsito intenso nas grandes cidades acelera o desgaste do motor e exige manutenção diferenciada, entenda
O crescimento da frota e o aumento do tráfego urbano estão mudando a forma como os veículos são usados no Brasil. Um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou que os congestionamentos nas principais cidades cresceram em média 17% no último ano. Além do tempo perdido, carros, motos, ônibus e caminhões urbanos passam a operar em condições severas de uso, mesmo sem rodar em estradas de terra ou transportar carga pesada. A fabricante de lubrificantes Fuchs indica quais atitudes devem ser levadas em conta para prolongar a vida útil dos veículos.
O que é uso severo?
Tradicionalmente, a ideia de uso severo é associada a terrenos irregulares, poeira constante ou excesso de peso. No entanto, o cotidiano dos grandes centros urbanos reproduz condições igualmente prejudiciais: trajetos curtos, longos períodos parados em congestionamentos e variações bruscas de temperatura. Esses fatores reduzem a eficiência do motor e aceleram o desgaste de diversos sistemas.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 36% dos moradores de grandes cidades passam mais de uma hora por dia no trânsito. Em deslocamentos tão curtos e travados, o motor não atinge a temperatura ideal, prejudicando a ação dos lubrificantes e aumentando atrito, resíduos e desgaste.
Impacto do clima nas cidades brasileiras
O problema se intensifica em regiões de calor extremo, onde a temperatura média supera 35 ºC. Nesses casos, o esforço térmico sobre os componentes é constante. Já em áreas mais frias, comuns no Sul do país, a viscosidade dos fluidos aumenta durante a partida, atrasando a lubrificação adequada. Ou seja: mesmo sem condições “fora do normal”, boa parte da frota já opera em regime de uso severo.
Por que a manutenção deve mudar
Em uso severo, a degradação é acelerada. O óleo perde propriedades mais rápido, os filtros saturam em menos tempo e o sistema de arrefecimento trabalha no limite. Também sofrem o catalisador e a bomba de combustível, sujeitos a desgaste antecipado. Confiar apenas no cronograma padrão do manual é um erro comum. Os fabricantes já preveem calendários específicos para uso severo, com revisões em intervalos menores – principalmente troca de óleo, fluidos e verificação de velas e ignição.
Ignorar esse cuidado aumenta consumo de combustível, emissões de poluentes e pode reduzir drasticamente a vida útil do motor.
O papel dos lubrificantes
Mais do que reduzir atrito, os lubrificantes protegem superfícies metálicas, removem resíduos da combustão, ajudam no controle térmico e mantém o motor limpo. Hoje, há produtos mais resistentes à oxidação e ao estresse térmico, mas o benefício só aparece quando se usam óleos certificados e compatíveis com cada modelo.
"A negligência em relação a esse tema traz impactos que vão além do veículo individual. Uma frota que circula em condições inadequadas aumenta a probabilidade de acidentes, amplia a emissão de poluentes e gera custos adicionais para o sistema de mobilidade como um todo", afirma Marcelo Martini, Gerente de Vendas do Aftermarket da Fuchs, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.
Questão de interesse público
Não se trata apenas de cuidado individual. Uma frota mal mantida gera mais poluição, aumenta riscos de falhas e acidentes e onera oficinas e o sistema de mobilidade como um todo. Isso significa mais descarte de peças e fluídos, menos produtividade e pressão extra sobre a economia urbana.
O crescimento dos congestionamentos mostra que boa parte da frota brasileira já roda em regime de uso severo. Reconhecer isso e adaptar a manutenção é essencial para reduzir custos inesperados, garantir eficiência energética e aumentar a segurança de milhões de usuários.