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Lost Soul Aside é um diamante bruto que não foi devidamente lapidado

Jogabilidade no estilo de Devil May Cry é divertida, mas história demora para engatar e há problemas técnicos que incomodam

19 set 2025 - 09h24
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Lost Soul Aside é um diamante bruto que não foi devidamente lapidado
Lost Soul Aside é um diamante bruto que não foi devidamente lapidado
Foto: Reprodução / Sony

Revelado pela primeira vez em julho de 2016, Lost Soul Aside acabou chamando a atenção da Sony, que em março de 2017 anunciou que o game havia se juntado ao seu China Hero Project, que fornece suporte financeiro e orientação aos desenvolvedores para ajudar seus jogos a terem um alcance maior.

Quase dez anos se passaram desde a revelação do jogo, que começou sendo desenvolvido por apenas uma pessoa e acabou evoluindo para uma equipe completa, que fazem parte da Ultizero Games. Agora que o game está disponível, podemos finalmente conferir se trata-se ou não de algo imperdível no PC e PlayStation 5.

Os colecionadores de almas

Lost Soul Aside conta a história do protagonista Kaser, que ao lado dos seus aliados, membros de uma grupo de resistência chamado FULGOR (escrito com todas as letras em maiúsculo mesmo), atuam para realizar um ataque contra o imperador AltoCastro, fundador do Império de Celéstria, até que algo dá errado com uma queda inesperada de meteoros na cidade, revelando os terríveis Voidrax, criaturas interdimensionais que absorvem e colecionam as almas dos humanos.

Um destes humanos é Louisa, irmã de Kaser, que acaba se tornando alvo de um dos Voidrax e tem sua alma sequestrada. Cabe então ao protagonista unir-se com Lorde Arena para usar sua Energia Extraordinária em uma jornada para deter esses seres perigosos, recuperar a alma de Louisa e impedir que Aramon, líder dos Voidrax, confinado nas Dimensões Alternativas, invada o planeta.

A história tem seus altos e baixos, havendo também claras inspirações em Final Fantasy, como Lorde Arena parecer Bahamut, o grupo rebelde lembrar um pouco o Avalanche de Final Fantasy VII, além do protagonista ser um pouco semelhante ao Noctis de Final Fantasy XV. O principal problema da trama é que ela demora um bocado até engatar e começar a ficar mais interessante. Quando isso acontece, você já está perto de terminar o jogo.

Protagonista Kaser faz parte de um grupo rebelde chamado FULGOR
Protagonista Kaser faz parte de um grupo rebelde chamado FULGOR
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Os personagens principais apresentam designs bem-feitos, melhores do que aqueles que vemos na maioria dos jogos ocidentais ultimamente. Infelizmente eles parecem subutilizados na maior parte do tempo, comigo desejando que algo a mais tivesse sido feito com eles.

Falando da dublagem em inglês, embora os dubladores de Kaser e Lorde Arena deixem a peteca cair em algumas ocasiões, outros personagens como Liana, Louisa e Gethya contam com dublagens excelentes. No geral, não achei essa dublagem o desastre que alguns andam dizendo. Mesmo assim, caso não prefira ou não tenha gostado das vozes em inglês como um todo, há a opção de jogar com áudio em japonês ou chinês.

A jogabilidade é onde o jogo se destaca de verdade

O que me manteve fisgado em Lost Soul Aside foi o gameplay, que apesar de às vezes travar a câmera no inimigo errado, é rápido, cheio de combos e muito divertido, voltado para quem curte os jogos da franquia Devil May Cry ou gostou de Final Fantasy XVI. 

A jogabilidade e os combates começam devagar, mas depois que Kaser obtém a Energia Extraordinária do Lorde Arena, tudo vai evoluindo gradativamente à medida que você avança no jogo, obtendo novas armas, poderes especiais e evoluindo o personagem para que ganhe novas habilidades ativas e passivas, aumentando o leque de opções nos combates.

A influência dos Voidrax, somada ao ressurgimento do seu líder, Aramon, faz com que surjam monstros e humanos hostis ao protagonista, com eles precisando ser derrotados. No caso de alguns inimigos humanos, incluindo chefes, isso resulta não em suas mortes, mas com eles acordando desse transe causado pela energia maléfica dos Voidrax. 

Por falar em chefes, esse é outro ponto onde Lost Soul Aside me agradou, havendo uma enorme quantidade deles ao longo de suas quase 18h. Os chefões principais são aqueles que mais chamaram a atenção e apresentam as lutas mais marcantes. Já no caso dos subchefes, eles incluem majoritariamente várias versões diferentes do mesmo tipo de inimigo.

Há diversos chefes para serem derrotados em Lost Soul Aside
Há diversos chefes para serem derrotados em Lost Soul Aside
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Desviar na hora H de um ataque permite contra-atacar rapidamente, e bloquear certos ataques no momento exato em que forem te acertar atordoa o inimigo, com isso sendo essencial contra oponentes que possuem um escudo nas suas barras de vida, como chefes, subchefes e versões mais fortes de inimigos comuns, que precisam perder essa defesa antes que possam sofrer mais dano ou até mesmo qualquer dano em certas situações. 

Destruir esse escudo deixa o oponente vulnerável, permitindo causar dano sem ser interrompido e também realizar um combo automático poderoso do Lorde Arena. Há também uma barra de energia que, quando cheia, serve para o jogador se transformar e fazer uso total das forças do seu companheiro dracônico, causando dano extremo nos inimigos. É necessário também ficar de olho no seu vigor, pois ele determina o uso das habilidades das armas nas lutas.

Você alterna entre as armas apertando apenas um botão, o que garante agilidade e a possibilidade de mesclar os ataques delas. Elas podem ser customizadas com acessórios que concedem benefícios especiais como mais dano, aumento de chance de acerto crítico e assim por diante. Algumas armas também apresentam elementos como fogo, raio e gelo atrelados a elas, sendo mais eficazes contra inimigos suscetíveis a um destes elementos.

Jogabilidade com combates frenéticos é o ponto forte do jogo
Jogabilidade com combates frenéticos é o ponto forte do jogo
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Algo que fez muita falta foi uma maneira de deixar salvas opções de customização das armas, para não ter de ficar personalizando elas repetidamente ao trocá-las para uma mais eficaz contra um determinado tipo de oponente, já que a combinação certa de acessórios nelas faz bastante diferença.

No meu caso, eu descobri uma combinação nas armas que essencialmente deixa o personagem quase imortal, bastando utilizar acessórios que aumentam a chance de acerto crítico com aqueles que concedem vida ao personagem sempre que um golpe crítico for realizado. Realizando ataques consecutivos de forma rápida nos combos me permitiu recobrar a vida inúmeras vezes sem a necessidade de usar itens para isso, deixando o jogo mais fácil, mesmo contra chefes, ao ponto de eu achar que trata-se de algo que precisa ser “nerfado” no futuro.

Kaser também conta com poções variadas para se curar e obter vantagens temporárias nas lutas. Elas podem ser encontradas pelo mundo do jogo e feitas pela personagem Liana, sendo que é nela também que você salva o progresso, se cura, renova o estoque de poções no inventário, acessa o simulador de batalha para treinar, e entra na Dimensão Difusa, que contém desafios opcionais que vão sendo desbloqueados à medida que você os encontra. 

Ao ser derrotado em determinadas situações, o jogo também lhe dá um acessório que aumenta seu dano e reduz o dano recebido, deixando a jornada consideravelmente mais fácil.

Conversar com Liana permite salvar o progresso do jogo, acessar a loja dela, treinar e encarar os desafios da Dimensão Difusa
Conversar com Liana permite salvar o progresso do jogo, acessar a loja dela, treinar e encarar os desafios da Dimensão Difusa
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Isso, aliás, foi algo que me incomodou muito: a dificuldade. Lost Soul Aside é fácil demais. Depois que você dominar a jogabilidade, dificilmente será morto, já que você não precisa realizar combos complexos para sobrepujar os inimigos. Eu morri apenas três ou quatro vezes no jogo inteiro, sendo que duas delas foram em ocasiões onde eu precisei realizar uma ação cronometrada para me proteger do ataque de um dos chefões, onde o fracasso nisso matava o personagem na hora.

Dito isso, ao terminar o jogo são desbloqueadas duas dificuldades adicionas - Difícl e Pesadelo - onde os desafios são maiores e as recompensas melhores. Voltados àqueles que gostaram muito do jogo e estão dispostos a gastar mais algumas dezenas de horas neles para terminá-lo novamente.

Outro aspecto importante do jogo é que o acesso à cidade portuária onde você começa a aventura ocorre apenas em alguns momentos na história, então é nessas horas que você precisa comprar novas receitas de poção, adereços e outros itens que julgar cruciais. Dinheiro não é exatamente abundante no jogo, então é necessário decidir bem antes de fazer as compras. Se precisar de grana, pode vender algumas coisas que você tenha sobrando, como os ingredientes de poções que você obtém enquanto explora os vários locais do jogo.

Falando da exploração, ela envolve ambientes variados quando você está no mundo do jogo em si ou nas Dimensões Alternativas, com cenários majoritariamente lineares, havendo um ou outro que são um pouco mais abertos. O lado ruim na hora de explorar é que o aspecto plataforma de Lost Soul Aside deixa muito a desejar em alguns momentos, tendo faltado mais polimento nisso.

Baixo nível de dificuldade deixa muito a desejar
Baixo nível de dificuldade deixa muito a desejar
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Desempenho no PS5 e problemas técnicos constantes

O desempenho de Lost Soul Aside está dentro daquilo que eu esperava para um jogo de Unreal Engine 4 no PlayStation 5, com ele rodando em 60 fps na maior parte do tempo, algo importante para títulos que possuem uma jogabilidade como a dele. As exceções ficam por parte de alguns chefes, cutscenes e também do continente com neve, havendo nele algumas regiões que fazem a taxa de quadros cair de forma considerável.

A direção de arte do jogo é boa, mas a qualidade gráfica em si deixa um pouco a desejar, parecendo a de um jogo da geração passada. Há muito serrilhado e efeitos de ghosting causados pelo uso do upscaling FSR no PS5, além da renderização de certos objetos ocorrer muito próxima do protagonista. A ausência de sombras e oclusão de ambiente em certos pontos dos cenários também é bastante perceptível. Tudo isso é parcialmente remediado no modo focado na qualidade visual, mas infelizmente daí o jogo passa a rodar em 30 fps. Uma troca que, ao meu ver, não vale a pena.

Direção de arte chama positivamente a atenção, mas os gráficos lembram mais a de um jogo para PS4 e não para PS5
Direção de arte chama positivamente a atenção, mas os gráficos lembram mais a de um jogo para PS4 e não para PS5
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

Lost Soul Aside também apresenta alguns problemas técnicos com os quais me deparei de forma frequente. Situações como o protagonista e inimigos ficando presos no chão, crashes ocorrendo de forma aleatória (perdi a conta de quantos tive), e as músicas sendo interrompidas nas batalhas, cutscenes e exploração de forma súbita em vez de gradual, quebrando a ambientação do jogo, o que é uma pena, porque a trilha sonora não é de se jogar fora. A maneira como as lutas com chefes principais fazem a transição para cutscene após eles serem derrotados também não ficou boa.

Houve também um bug onde a personagem que me acompanhava sumiu de repente e eu percebi apenas quando ouvi ela conversando comigo, mas sem ela presente. Aí olhei no mapa e vi que ela estava em um lugar distante, do qual eu havia saído. Voltei até lá, me aproximei dela e ela passou a me seguir de novo, mas precisei andar devagar para o problema não voltar a ocorrer.

Lost Soul Aside tem quantidade elevada de problemas técnicos
Lost Soul Aside tem quantidade elevada de problemas técnicos
Foto: Reprodução / Giuseppe Carrino

O erro mais bizarro de todos, no entanto, ocorreu após cerca de 11h de jogo, quando um grupo de inimigos surgiu e um deles não sofria dano, não causava dano e não tinha barra de vida (foto acima). A única forma que encontrei para sair desse impasse foi recarregando um salvamento, o que causou um crash no jogo. Depois disso, não me deparei mais com esse bug, sugerindo que trata-se de algo raro, mas que pode acontecer.

Outra coisa que me incomodou é que, por algum motivo, o jogo dá sempre preferência ao arquivo de salvamento automático em vez do arquivo de salvamento manual, mesmo se o segundo for o mais recente. Por exemplo, você decide querer parar de jogar, então salva o progresso na Liana e sai do jogo. Ao voltar a jogar e selecionar a opção “continuar”, é carregado o último salvamento automático e não o último salvamento manual. Você precisa ir em “carregar” e selecionar o salvamento manual para continuar especificamente do ponto no qual salvou por último.

O modo como a câmera se posiciona durante as conversas entre os personagens também poderia ter sido mais trabalhado, já que muitas vezes ela coloca Kaser na frente do NPC com quem ele está falando, pegando um ângulo desfavorável, forçando o jogador a ajustar isso manualmente.

Considerações

Lost Soul Aside - Nota 7
Lost Soul Aside - Nota 7
Foto: Divulgação / Game On

A mais nova aposta da Sony, Lost Soul Aside agrada principalmente com sua jogabilidade que remete a jogos como Devil May Cry. A história, embora tenha alguns bons personagens, demora muito para engatar e fisgar a atenção, com isso acontecendo apenas quando você já está quase terminando o jogo. Há também muitos problemas técnicos, mostrando claramente que o jogo saiu antes da hora. É nitido que existe um jogaço escondido aqui em algum lugar, mas que precisava de mais tempo no forno para ser mostrado.

Lost Soul Aside está disponível para PC e PlayStation 5.

Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sony.

Fonte: Game On
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