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Corinthians, Palmeiras e Santos passam por revolução tática para 2020

Com novos técnicos, trio paulista terá também ideias de jogo e conceitos diferentes para a temporada

12 jan 2020 - 05h10
(atualizado às 05h10)
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Corinthians, Palmeiras e Santos iniciam 2020 com novas ideias de jogo. A troca no comando das equipes traz estilos diferentes em relação aos antecessores. Os treinadores que chegaram têm outros conceitos e pensam em armar seus respectivos times de maneira distinta da que foi vista em 2019. Uma revolução tática no futebol paulista, à exceção do São Paulo, que manteve Fernando Diniz.

Talvez a principal mudança aconteça no Corinthians. Desde 2008, quando Mano Menezes assumiu o time na Série B do Campeonato Brasileiro, há um jeito bem definido de a equipe alvinegra atuar: mais focada em não levar gols do que em fazer. É o chamado "time reativo", que se fecha em busca de contra-ataques. Além de Mano, Tite e Fábio Carille também marcaram esse estilo de jogo.

Após mais de dez anos, porém, a diretoria do Corinthians decidiu apostar em novas ideias. Contratou Tiago Nunes, que teve sucesso nas duas últimas temporadas no Athletico-PR. Em sua primeira entrevista, o novo treinador alvinegro contou que pretende fazer seu time propor o jogo. No entanto, deixou claro que pode mudar o estilo da equipe ao longo de 2020.

"Durante minha trajetória, experimentei diversos modelos de jogo. Eu me formei como treinador tendo a oportunidade de vivenciar quase todas as ideias. Mas o que mais me agrada é ter mais a bola, ser propositivo, que privilegia a condição técnica, até mais vistoso de ver. "Mas sou ciente de que esse modelo só se desenvolve com o passar dos treinamentos, aí você vai vendo se encaixa com os jogadores, os adversários. A minha ideia é fazer a equipe propositiva, mas não impede no decorrer da temporada encontrar uma outra ideia que vai nos levar à vitória de uma maneira mais fácil", disse Nunes.

No Palmeiras, a mudança deve ser menos impactante. Saiu Mano Menezes no fim de 2019 e chegou Vanderlei Luxemburgo para comandar a equipe no início deste ano. Em sua quinta passagem pelo clube alviverde, Luxa mostrou ao longo da carreira que gosta de times mais ofensivos. Ao ser questionado sobre o assunto, o treinador minimizou o movimento de mudança de estilo no futebol brasileiro para esta temporada.

"O momento é de uma expectativa e cobrança em futebol ofensivo. Mas quando futebol brasileiro não foi ofensivo? Pega na história. Tem DNA ofensivo. Estamos muito preocupados com esquema táticos e números, e esquecemos que o DNA do Brasil é empírico, de mudar de posição, de fazer diferente. Se perdermos isso, viramos robôs (...) As pessoas estão ávidas em saber como o time vai jogar, esquema tático, se é proativo, reativo. Mas não adianta pensar em equipe. Estou em um clube com DNA de Academia, de ter time técnico, mas que pode ser também extremamente defensivo, com a marcação começando no ataque quando se perde a bola", afirmou.

No Santos, Jorge Sampaoli deixou o comando da equipe no fim de 2019 e Jesualdo Ferreira iniciou os trabalhos na última quarta-feira. Os dois gringos têm ideias diferentes: enquanto o argentino armava o time de forma bastante ofensiva, o português preza mais pelo equilíbrio. O objetivo de Jesualdo é dar atenção maior à defesa.

"O Santos é uma equipe que jogava ofensivamente, uma atitude perfeitamente clara. E que cuidava pouco de sua defesa. Foi uma equipe que me agradou. Gosto dessas equipes, mas também é verdade que tem de existir um equilíbrio. A minha expectativa é melhorar o que era muito bom e o que também foi menos bom. São jogadores que me agradam e que me motivam para trabalhar de acordo com o meu modelo", disse.

Dos três clubes, o Corinthians é quem saiu na frente Após a demissão de Carille, Tiago Nunes foi contratado em novembro e iniciou o planejamento, mas só assumiu o time neste ano. Luxa acertou na metade de dezembro, enquanto Jesualdo chegou na última quarta-feira.

ANÁLISES

O time do Tiago Nunes é sempre intenso

"O time dele é sempre intenso, muito vertical, e não de posse de bola, de trocas de passes. Falar que ele pegou o trabalho do Fernando Diniz e aprimorou é uma balela, porque eram dois times totalmente diferentes. Os principais jogadores do Athletico do Nunes o Diniz não usava. Ele basicamente começou do zero. O Nunes não tem essa fixação de que o time não vai dar chutão, mas ele gosta de zagueiros que saibam sair jogando. O time tinha muita inversões de jogada e ligações diretas.

O principal mérito do Nunes no Athletico foi conseguir montar e remontar o time muito rapidamente depois de perder jogadores importantes. Mesmo utilizando quase sempre o 4-3-3, ele não tem um esquema tático pronto, os times foram bem diferentes."

Por: Daniel Malucelli, repórter da Gazeta do Povo.

Palmeiras buscará mudar estilo de jogo

"O desafio do Palmeiras em 2020 é conseguir mudar a proposta de jogo dos anos anteriores. O clube quer deixar de lado o estilo de jogo considerado defensivo e de muitos lançamentos, para buscar uma forma de atuar com mais passes e construção das jogadas desde o campo de defesa. O problema é conseguir mudar tanto em tão pouco tempo.

Se até ano passado o Palmeiras chegou ao ataque com bolas altas e centralização do jogo no centroavante, a missão é encontrar novos caminhos. Como o time vai passar a ter campo sintético, a comissão técnica quer se aproveitar disso para impor um estilo de jogo veloz. As principais armas dessas mudanças não serão contratações renomadas, mas garotos da base que terão de ser "moldados" ao novo estilo palmeirense."

Por: Ciro Campos, repórter do Estadão.

Jesualdo ajudou na atualização do futebol português

"Metódico, inovador, referência e vencedor. São esses os adjetivos que ajudam a explicar a trajetória de Jesualdo Ferreira. Ele foi decisivo na criação e implantação de novas metodologias de trabalho que ajudaram o futebol português a abraçar a era da modernidade. Pelo Porto, Jesualdo venceu seis dos 12 títulos que conquistou na sua carreira e viu o seu esquema tático 4-3-3 de sempre atingir uma dimensão superior, baseado na velocidade, na mobilidade, na pressão e numa construção de jogo paciente.

O caso de Quaresma no Porto serve de exemplo daquilo que Jesualdo pode vir a fazer no Santos. A integração do talento do ponta num coletivo bem encaixado reflete a ideia de que os jogadores criativos nunca serão renegados e dá esperança à nova geração do clube."

Por: Duarte Tornesi, repórter do jornal português O Jogo.

Estadão
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