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Vasseur e Ferrari: acabaram as desculpas. Agora é trabalho

Um ano depois de sua chegada, Frederic Vasseur terá a oportunidade de mostrar sua receita para Ferrari desde o início. O desafio é grande...

5 fev 2024 - 08h00
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Frederic Vasseur: um ano de Ferrari e agora sim, a oportunidade de mostrar serviço desde o início
Frederic Vasseur: um ano de Ferrari e agora sim, a oportunidade de mostrar serviço desde o início
Foto: Scuderia Ferrari / Divulgação

Um dos postos mais perigosos do esporte a motor mundial é ser chefe de equipe da Ferrari. Simplesmente é a equipe com a maior torcida do automobilismo e qualquer movimento é visto com lupa. O ocupante da vez é o francês Frederic Vasseur, que completa um ano no posto.

Vasseur chegou com a missão de sacudir com as estruturas da Ferrari. Dirigente com experiência em vários níveis do automobilismo (fundador da ART, ex-chefe de equipe da Renault e Sauber e um dos sócios da Spark, empresa que desenvolve e constrói os chassis da Fórmula E), o objetivo era fazer com que a equipe funcionasse mais próxima, mais fluida.

Embora o time tenha tido uma paciência enorme com Mattia Binotto, homem vindo da estrutura ferrarista, um salto foi visto como necessário. Especialmente pelo todo poderoso Presidente do Conselho de Administração, John Elkann (representante da família Agnelli, que possui 23% das ações da Ferrari). Uma linha era acabar com a “porta giratória”, ou seja, ter sempre gente entrando e saindo. Só que mesmo a área técnica tendo um salto em relação ao período Arrivabene, ainda era preciso mais.

Vasseur chegou em janeiro de 2023 com o SF-23 já pronto e teve como tarefa inicial tentar entender a Ferrari. Ele já conhecia Leclerc do período da Alfa Romeo e tinha um contato com a equipe justamente por ser o comandante da Sauber/Alfa e ser cliente italiano. Só que agora seria pelas entranhas.

Como este escriba gosta de dizer, não se dá cavalo de pau em transatlântico. E Vasseur se pôs a trabalhar: ao longo do ano, foi promovendo mudanças na estrutura e começou a pensar no reforço da parte técnica. A Ferrari montou uma senhora estrutura de simulação (talvez tenha o simulador mais moderno da F1) e modernizou seu túnel de vento. Mas o time técnico precisava de ajustes.

Para isso, se lançou em um programa de contratação ativa de técnicos de concorrentes, como Red Bull e Mercedes. A vinda de um técnico de dinâmica da Red Bull já permitiu que o SF-23 tivesse um rendimento melhor na área de uso de energia na segunda parte do campeonato e gastasse menos pneu, um dos problemas do carro. A liberação de Laurent Mekies, até então Diretor Esportivo, para a Toro Rosso também envolveu esta liberação de pessoal.

Mas como há o famoso período de “quarentena”, muitos destes técnicos vão começar a trabalhar efetivamente em Maranello ao longo deste ano e 2025. Desta forma, o principal dos resultados só deve começar a aparecer efetivamente para o novo regulamento de 2026.

Não só o dinheiro, mas também a perspectiva de uma equipe técnica forte, ajudaram a trazer Lewis Hamilton a partir de 2025, bem como a renovação de Charles Leclerc até pelo menos 2026 (com possibilidade de extensão até 2029).

Uma das coisas que se percebe é que o time aparentemente trabalha de uma forma mais calma, procurando ser mais coeso. Segundo Elkann, uma das coisas que fez escolher por Vasseur era estar acostumado a trabalhar em estruturas menores, fazendo que as coisas acontecessem mais depressa. A Ferrari trabalhava dentro da lógica da “estrutura horizontal” trazida por Sergio Marchionne, que deu muito certo na Fiat e na parte automotiva, mas nem tanto na de competições...

Houve também ruído para saber quem exatamente mandava no time. Vasseur foi trazido para ser o comandante da parte esportiva, mas se reportando diretamente a Benedetto Vigna, CEO da Ferrari. Vigna foi figurinha fácil nos boxes em alguns GPs de 2023, bem como John Elkann. Com o passar da temporada, o cenário ficou mais claro e o francês pode se afirmar como o maestro da orquestra.

Comemoração da vitória de Sainz em Singapura: um dos momentos em que a Ferrari pode se alegrar em 2023
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Foto: Scuderia Ferrari / Divulgação

Este ano poderemos efetivamente dizer que será a Ferrari de Vasseur. Desde o início, a concepção do SF-24 e a estrutura do time foram pensadas sob sua batuta, inclusive a famigerada área de estratégia. Sabemos que recursos não faltam à Ferrari (que inclusive reportou lucro recorde na semana passada) e que a expectativa é enorme para voltar aos títulos, que não chegam desde 2008 (Construtores). Vendo pelo aspecto do campeonato de pilotos, o jejum já é de 16 anos (o último foi de Raikkonen, em 2007).

Os tifosi querem que Vasseur seja um novo Todt, comandante da última fase de ouro do time. Simplesmente, Vasseur tem que ser Frederic. O cargo exige coração quente e cabeça fria. 2023 ainda havia brecha para erros (até escrevi sobre isso aqui). Que venha 2024 para ver se os planos franceses darão certo na grande equipe italiana. O movimento da vinda de Hamilton para 2025 lhe dá um cacife imenso para atuar. A F1 agradeceria se a Ferrari disputasse efetivamente as vitórias...

Parabólica
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