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Taxas de juros longas disparam com percepção de BC mais leniente com inflação a partir de 2025

9 mai 2024 - 16h48
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A percepção de que o Banco Central se tornará mais leniente com a inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula formarão maioria na instituição, fez as taxas dos DIs com prazos mais longos dispararem nesta quinta-feira, um dia após o Copom cortar a Selic em apenas 25 pontos-base.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,265%, ante 10,221% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,49%, ante 10,473% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,88%, ante 10,809%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,205%, ante 11,094%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,68%, ante 11,511%.

Na noite de quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano, após seis cortes seguidos de 50 pontos-base.

Foi justamente a divisão de votos que mais chamou a atenção: todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base nesta quarta-feira foram indicados pelo governo anterior, enquanto os quatro diretores que defenderam corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.

A divisão de votos ampliou as discussões no mercado sobre o perfil do Copom a partir de 2025, quando o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, será substituído por um nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deste modo, a partir de janeiro os indicados por Lula serão finalmente maioria no colegiado, o que para parte do mercado significa que o BC poderá se tornar mais dovish (brando) no controle da inflação.

Em meio a estes receios, as taxas dos contratos futuros com prazos mais longos dispararam. Na ponta curta, as taxas também subiram -- ainda que com menor intensidade -- com a avaliação de que podem não ocorrer mais cortes de juros no curto prazo ou, se ocorrerem, serão de apenas 25 pontos-base.

"Na ponta curta, quem controla e quem dita é o BC. E se o mercado entende ou teme que o BC irá, de alguma forma, utilizar uma taxa de juros que não será sustentável para perseguir seu mandato, realmente ele vai demandar mais prêmios para as taxas mais longas. É a dinâmica que está acontecendo hoje (quinta-feira)", comentou Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

"A divisão no Copom de alguma forma pegou os investidores com alguma surpresa e abriu margem para interpretações negativas quanto a desdobramentos de possíveis cenários à frente", acrescentou Cunha.

O momento de maior de pressão e volatilidade foi verificado no início da sessão, como haviam projetado economistas ouvidos pela Reuters na véspera, após a decisão do Copom.

A taxa do contrato para janeiro de 2031 atingiu o pico de 11,820% às 9h03, o que representava uma alta de cerca de 31 pontos-base ante o ajuste da véspera. Na ponta curta, quase no mesmo horário, a taxa para janeiro de 2026 atingiu o pico de 10,630%, em alta de 16 pontos-base.

Na prática, houve uma inclinação da curva a termo, ainda que as taxas tenham subido em todos os vértices.

"Curva de juros (está) com uma forte alta, com uma empinada, como a gente chama, (com) a ponta longa subindo muito, quase 30 pontos-base de alta... e a ponta curta subindo também", pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado pela manhã a clientes. "(O mercado) está dando mais peso ao voto destes novos diretores, já antecipando o que será o novo BC a partir de 2025", acrescentou.

Passado o momento de maior estresse, a alta das taxas futuras desacelerou, mas ainda assim elas permaneceram em patamares elevados.

O fato de o Copom ter excluído do comunicado da véspera o forward guidance -- ou sinalização futura -- para a próxima reunião também deixou o mercado sem uma referência sobre os próximos passos na política monetária. Na prática, ao não sinalizar o que pretende fazer, o BC torna-se mais dependente de dados e do cenário em geral.

Isso se refletiu em uma maior divisão das apostas para o próximo encontro do Copom, em junho.

Perto do fechamento desta quinta-feira a precificação da curva a termo estava em 60% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em junho e 40% para manutenção da taxa em 10,50% ao ano.

O forte avanço das taxas dos DIs contrastou com o recuo dos rendimentos dos Treasuries nesta quinta-feira.

Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 3 pontos-base, a 4,457%.

Também ficou em segundo plano nas mesas de operação o anúncio do governo brasileiro de ajuda de 50,9 bilhões de reais ao Rio Grande do Sul, em função da tragédia provocada pelas chuvas, com impacto no resultado primário de 7,7 bilhões de reais.

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