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Banco BMG pode estrear na Bolsa com valor de R$ 7 bilhões

Banco fundado há 90 anos, que já foi citado no caso do Mensalão, é forte no crédito consignado; agora, tenta se vender como instituição digital

24 out 2019 - 15h44
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Fundado há quase 90 anos, o banco mineiro BMG deverá finalmente pôr os pés na Bolsa brasileira, após uma tentativa frustrada em 2018. A instituição mineira, mais conhecida pela atuação no crédito consignado, deverá chegar à B3 com valor de mercado de cerca de R$ 7 bilhões. Apesar de ser um banco bastante antigo, o BMG agora se vende como um instituição digital que quer bater de frente com as fintechs, as startups do setor financeiro.

A oferta do BMG poderá girar até R$ 2 bilhões, dependendo do preço da ação, que será definido nesta quinta-feira, 24. Na estreia, marcada para a próxima segunda-feira, 28, deverá ter valor de mercado total de R$ 7 bilhões. Entre instituições semelhantes, o banco mineiro valerá mais do que o Pan (R$ 4 bilhões), mas ainda bem distante do Inter (cerca de R$ 13 bilhões).

Dos recursos da oferta que serão injetados no caixa do BMG - cerca de R$ 1 bilhão -, 45% deverão ser destinados a investimentos em negócios existentes, 45% em novos produtos e os 10% em inovações tecnológicas e marketing.

Banco BMG se vende como um instituição digital que quer bater de frente com fintechs
Banco BMG se vende como um instituição digital que quer bater de frente com fintechs
Foto: Divulgação / Estadão

Na primeira tentativa de abrir capital, no fim do ano passado, o BMG não conseguiu convencer os investidores - que exigiram desconto no preço. O banco decidiu recuar.

De lá para cá, reforçou resultados, entregando alta de lucro líquido no primeiro semestre e se debruçou ainda mais na proposta de ser um banco digital. O fato de a instituição ter conseguido entregar a promessa feita no fim de 2018 fez um grupo de investidores institucionais apostar no IPO do BMG.

Pesa a favor do ânimo dos investidores com a chegada do BMG à Bolsa o fato de a Selic (taxa básica de juros) estar a 5,5%, com viés de baixa. A expectativa é que isso incentive o investidor comum a tomar mais risco em busca de retorno.

Os coordenadores da oferta do banco mineiro são XP, Itaú BBA, Credit Suisse, Brasil Plural e Banco do Brasil.

Dependência

Apesar da nova roupagem digital, o BMG dá resultado no segmento em que especializou: o consignado. Essa dependência é um risco, pois a atuação está sujeita a mudanças de regras. "A concessão de cartão de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS e servidores públicos depende da autorização de entidades às quais essas pessoas estão relacionadas", diz o prospecto da oferta.

O BMG é líder em cartão de crédito consignado, com 3,8 milhões de clientes. Sob essa ótica, está à frente da maior parte dos bancos digitais. O também mineiro Inter, por exemplo, somava 3,3 milhões de clientes ao fim de setembro. Porém, quando considerado apenas o banco digital do BMG, lançado há um ano, a instituição tem 450 mil contas abertas.

Na arena digital, foco atual dos investidores, o BMG tem a seu favor uma marca consolidada. O banco foi fundado há quase 90 anos pelo médico Antônio Mourão Guimarães, filho do banqueiro Coronel Benjamin, ou Benjamin Ferreira Guimarães. Posteriormente, neto do coronel, Flávio Pentagna Guimarães, assumiu o comando o banco, que toca há cerca de 60 anos. Com 11% do capital, ele é um dos vendedores de ações na oferta secundária.

Mensalão

Em nove décadas, o BMG passou por altos, como a parceria em consignado com o Itaú, e baixos, como o envolvimento no mensalão mineiro, investigação na qual executivos do banco chegaram a ser condenados à prisão em 2012.

Sete anos depois do ápice do escândalo, analistas que preferiram não se identificar disseram ao Estadão/Broadcast que o risco Mensalão agora é pequeno e não deve ter impacto nos planos do BMG de abrir o capital.

Para se livrar da pecha de "banco do Mensalão" e blindar o negócio, o BMG também modificou sua governança corporativa. Para começar, a família deixou o comando ao fim de 2012. Além disso, a instituição financeira mudou a sede de Belo Horizonte para São Paulo.

Há um ano, decidiu embarcar na onda dos bancos digitais e ampliar seu portfólio. Em seguros, o BMG fechou acordo com a italiana Generali; em meios de pagamento, adquiriu a Granito para atender microempreendedores individuais.

Mesmo com essas iniciativas, analistas citam como fator de risco a concentração das receitas do banco no consignado. A Eleven Financial menciona perigos como o aumento de competição no setor financeiro, a alta de inadimplência no consignado e o avanço do BMG na oferta de crédito pessoal.

A Eleven tem preço-alvo de R$ 19 para as ações do BMG. A recomendação representa potencial de valorização de 52%, considerando a faixa de preço de R$ 11,60 a R$ 13,40. O otimismo da Eleven se baseia na expectativa de retomada da economia brasileira, que poderá trazer um novo ciclo de expansão do crédito.

O cenário de juros baixos beneficia o financiamento ao consumo, foco do banco mineiro. Há ainda elogios à recente melhora tecnológica do BMG.

Procurado, o banco mineiro não quis dar entrevista.

Estadão
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