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AGU pede R$ 79,6 bi e bloqueio de distribuição de lucros da Vale, BHP e Samarco por Mariana

Pedido acontece poucos dias após União rejeitar proposta de R$ 127 bilhões apresentada pelas mineradoras; empresas dizem não ter sido notificadas

7 mai 2024 - 18h13
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RIO - A Advocacia-Geral da União (AGU) informou nesta terça-feira, 7, ter pedido à Justiça Federal de Belo Horizonte que obrigue as mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco a pagarem R$ 79,6 bilhões em até 15 dias, no âmbito da ação relativa ao desastre de Mariana (MG).

A BHP e a Samarco informaram que ainda não foram notificadas do pedido da AGU. Procurada, a Vale ainda não se manifestou.

O pleito acontece poucos dias após a União rejeitar a proposta de R$ 127 bilhões apresentada pelas mineradoras, no processo de mediação que corre no Tribunal Regional Federal, para concluir as reparações pelo desastre. As duas situações diferem em valores e condições.

O pedido feito pela União à Justiça nesta terça trata-se do cumprimento provisório da sentença, emitida em janeiro, com valor atualizado desde novembro de 2015, época do acidente. Na ação civil pública, o Ministério Público Federal requer o montante final de R$ 155 bilhões, relembrou a AGU no pedido.

Danos causados pelo rompimento da barragem no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG)
Danos causados pelo rompimento da barragem no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG)
Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO / Estadão

Já a proposta das mineradoras foi feita no âmbito da Mesa de Repactuação do acordo sobre Mariana, instalada no TRF-6. Embora a proposta nominal seja de R$ 127 bilhões, este não seria o valor total do desembolso. As companhias propuseram um pagamento em dinheiro de R$ 72 bilhões. Isso porque R$ 37 bilhões já foram gastos em remediação e compensação. Além disso, outros R$ 18 bilhões foram classificados como "obrigações de fazer".

A União pediu nesta terça que, caso o depósito em juízo não seja feito no prazo, a Justiça determine o bloqueio de ativos financeiros das empresas. Caso a medida seja insuficiente, as restrições se estenderiam a bloqueio de bens imóveis, bloqueio da distribuição de lucros e dividendos a acionistas, e penhora de 5% do faturamento, segundo o pedido.

A petição da AGU foi apresentada nos autos de ação civil pública, proposta pelo Ministério Público Federal, relativa à tragédia de Mariana, em 2015, quando uma barragem da Samarco (joint venture entre Vale e BHP) se rompeu, provocando a morte de 19 pessoas e um desastre ambiental sem precedentes, poluindo a bacia do Rio Doce, numa contaminação que chegou até a costa do Espírito Santo.

A AGU explicou que as mineradoras já foram condenadas ao pagamento de R$ 47,6 bilhões em danos morais coletivos no âmbito da ação. Com a atualização, a cifra alcança os R$ 79,6 bilhões pleiteados. A sentença foi proferida pela 4ª Vara Federal Cível e Agrária de Belo Horizonte (MG) e prevê que os recursos sejam direcionados ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDDD) para uso exclusivo nas áreas atingidas pelo rompimento da barragem, lembrou a AGU.

Proposta rejeitada

Ao rejeitar a proposta das mineradoras, a União destacou que ela "não representa avanço em relação à proposta anterior, apresentada e discutida em dezembro de 2023?, além de conter "condições inadmissíveis" que desconsideram o que "já havia sido exaustivamente debatido e acordado" desde que as tratativas estão em andamento.

Entre as alterações que os entes pontuaram está o fato de a nova redação prever uma retirada de rejeitos de mineração do Rio Doce muito inferior ao que já havia sido negociado, "beirando o cenário de nenhuma retirada". Outros pontos criticados foram a transferência da obrigação de recuperação de nascentes e áreas degradadas para o Poder Público e o encerramento do gerenciamento das áreas contaminadas.

Além dos aspectos de valores e condições, há outro ponto relevante, de acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Na ação civil pública, a União conseguiria uma vitória judicial contra as companhias, o que renderia maior capital político. Por outro lado, se aceitasse o acordo com as empresas, não "marcaria posição" da mesma forma em defesa dos atingidos.

Procurada para comentar a rejeição da proposta e o pedido de bloqueio, a AGU não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Em nota, a Samarco disse que "permanece aberta ao diálogo, em busca de soluções consensuais, sempre baseadas em critérios técnicos, ambientais e sociais, que atendam às demandas da sociedade, sobretudo do território diretamente impactado". A empresa prosseguiu reafirmando seu compromisso e empenho na reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão.

A BHP, disse, também em nota, que "sempre esteve e segue comprometida com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em 2015?. No texto, a mineradora concluiu: "Como uma das acionistas da empresa, a BHP Brasil segue disposta a buscar, coletivamente, soluções que garantam uma reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente."

Estadão
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