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Flip 2022: escritora Saidiya Hartman descreve a beleza dos rebeldes

Pesquisadora americana mostra como jovens negras construíram um estilo alternativo de vida, após abolição da escravatura

26 nov 2022 - 11h25
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ENVIADO ESPECIAL / PARATY - A escritora americana e professora da Universidade de Columbia Saidiya Hartman abriu um sorriso ao ser informada de que o Brasil, ainda que timidamente, vem ganhando mais publicações que estudam com rigor a história da escravidão. "A informação ainda é a melhor forma de ensinamento", comentou ela com o Estadão, em um café em Paraty, onde ela participa da 20ª edição da Flip, a Festa Internacional de Literatura de Paraty. "No Brasil, assim como nos Estados Unidos, a escravidão - com seu comércio de seres humanos - ajudou a moldar a sociedade."

Saidiya é uma mulher atenta - em sua breve passagem pelo Brasil, ela tanto notou a fauna exuberante como a ausência de pretos em determinadas regiões das cidades. Sua mesa na Flip acontece às 19h deste sábado, quando vai discutir, ao lado de Rita Segato e Luiz Mauricio Azevedo, como a escrita constitui um espaço para revelar o protagonismo invisibilizado de populações oprimidas na construção do cotidiano.

Foi o início de uma extensa pesquisa em arquivos de reformatórios, transcrições de julgamentos, relatórios de assistentes sociais, registros de cobradores de aluguel e fotografias, mesmo aquelas que não traziam informação alguma (às vezes, apenas um nome). "Li muito, tomei inúmeras notas mas escrevi quase sem consultá-las - meu ponto de partida sempre foi um detalhe que poderia expressar bem o momento daquela vida."

E, em meio a tragédias individuais, Saidiya percebeu que a persistência era um fator decisivo para a sobrevivência. Daí a ênfase na beleza, que permeia praticamente todo o livro.

"Não apenas a beleza física, mas principalmente a que marca o ato de viver nas piores circunstâncias", comentou a pesquisadora, que se apoiou em histórias de pessoas negras que praticavam o amor livre, as relações homossexuais e a maternidade solo. Uma beleza que marcava posição e também as distinguiam das pessoas brancas. "Muitas vezes, isso era considerado erradamente uma ostentação do mundo do crime, porque jovens trabalhadores negros não poderiam ser tão belos."

Estadão
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