Turbulências aumentam com aquecimento global; entenda o motivo
Gases de efeito estufa têm aumentado a diferença de temperatura entre camadas da atmosfera, o que resulta em mais instabilidade no ar e mais turbulência em voos
Enquanto a crescente frequência de secas intensas e fortes tempestades são mais fáceis de se associar às mudanças climáticas, estudos recentes estão mostrando efeitos inesperados deste processo. O aumento nos casos de turbulência severa durante voos — e acidentes relacionados a elas, como consequência — também são decorrentes dos impactos humanos no planeta.
Além do medo que passar por uma turbulência pode causar, as turbulências de ar claro estão entre as principais causas de ferimentos durante viagens de avião. Com as férias do meio do ano chegando, o cientista atmosférico Ramalingam Saravan, professor da universidade Texas A&M, explica porque tem sido mais provável que voos sofram com estes eventos, no mínimo, desconfortáveis. O fenômeno é preocupante, explica ele, por conta de sua imprevisibilidade.
"O principal problema é que você não pode vê-las," afirma Saravan. A instabilidade no ar que caracteriza as turbulências não possui nenhum sinal visual para os pilotos e também são difíceis de se prever por modelos estatísticos.
Qual a relação entre a turbulência e as mudanças climáticas?
O que leva ao aumento destes fenômenos é a concentração de gases estufa na atmosfera. Estas substâncias, que são responsáveis por manter o calor recebido do sol circulando no planeta, atuam de uma forma diferente em diferentes altitudes. Ramalingam explica que elas "esquentam a troposfera, a camada em que nós vivemos, mas esfriam a estratosfera, onde a maioria dos aviões voam."
O Canaltech já reportou como o resfriamento das camadas superiores da atmosfera vem preocupando cientistas por outros motivos — ele pode interferir na durabilidade de satélites em órbita. Mas, em relação às turbulências, a questão é que o maior gradiente de temperatura formado leva a ventos mais fortes.
O impacto disso no setor aéreo deve ser a adoção de rotas que evitem grandes regiões onde se espera que as turbulências de ar claro ocorram. Mas, ao mesmo tempo em que a decisão visa o conforto e segurança dos passageiros, a medida deve tornar os voos mais longos — e, consequentemente, mais caros e poluentes.
Como uma saída, Saravan diz que a sociedade como um todo deve agir para lidar com todos os problemas decorrentes do aquecimento global "ao usar energia de forma mais eficiente e mudarmos para fontes renováveis, vamos reduzir as emissões de gases estufa. É um processo difícil, mas é necessário para minimizar as mudanças climáticas."
Fonte: Texas A&M
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