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Inovação

Plano de IA de Trump para ganhar da China quer leis mais frouxas e combate a 'ideologias'

Casa Branca divulgou o seu plano de inteligência artificial; Presidente americano afirmou que EUA não pode ser "derrotado" por outros países

23 jul 2025 - 14h22
(atualizado às 20h00)
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O governo de Donald Trump divulgou nesta quarta, 23, a sua estratégia de inteligência artificial (IA) com foco em derrotar a China, assegurar recursos em escala global, afrouxar regulações e eliminar supostos vieses ideológicos. Na tarde desta quarta, o republicano assinou ordens executivas e fez um discurso sobre a estratégia, onde afirmou que as IAs americanas precisam ser livres para treinar e alimentar seus conteúdos.

O presidente americano deixou claro em seu discurso, durante um Summit de IA em Washington, que as empresas não podem enfrentar regulações que as impeçam de desenvolver a tecnologia, como leis de direitos autorais e de restrição de treinamento, que envolvem o pagamento por textos, livros e conteúdos de notícias para alimentar as IAs. Para ele, essas regras precisam ser eliminadas juntamente com o viés ideológico, chamado de "woke" pelo americano.

"Nós fazemos história ao reafirmar o futuro, que pertence à América e sempre pertenceu à América. Quando você lê algo, não pode esperar que, todas as vezes, você tenha que pagar um valor. Isso simplesmente não funciona. Claro, você não pode copiar ou plagiar um artigo", afirmou Trump em discurso.

No discurso de assinatura, Trump também agradeceu nominalmente CEOs de grandes empresas de chips de IA, como Jensen Huang, da Nvidia e Lisa Su, da AMD.

Batizado de America's AI Action Plan: Winning the Race, o documento de 28 páginas tenta estabelecer os caminhos para que os EUA se mantenham à frente da China na corrida pelo domínio tecnológico. A ideia está ancorada sob três pilares: acelerar a inovação, construir infraestrutura e liderar a diplomacia e segurança internacional em IA.

Em diferentes momentos, o plano deixa claro que vai eliminar ou aliviar qualquer tipo de regulação percebida como entrave para o avanço tecnológico. "Os Estados Unidos precisam inovar de forma mais rápida e abrangente do que nossos concorrentes no desenvolvimento e distribuição de novas tecnologias de IA em todos os campos, e desmontar barreiras regulatórias desnecessárias que impedem o setor privado de fazê-lo", diz o documento.

"Não permitiremos que nenhuma nação estrangeira nos derrote. Nossos filhos não viverão em um planeta controlado por algoritmos adversários, que promovem valores e interesses", afirmou Trump no discurso desta quarta-feira.

É um movimento que agrada gigantes da tecnologia, como OpenAI, Google e Meta, que já demonstraram incomodo em relação ao avanço de regulação restritiva em diferentes países, incluindo a Europa, que aprovou legislação severa aos olhos dessas empresas. No Brasil, o Marco da IA, que está em discussão na Câmara, sofreu pressões e alterações no Senado. "A inteligência artificial é importante demais para ser sufocada em burocracia nesta fase inicial, seja no nível estadual ou federal", diz o documento.

As big techs também acreditam que têm o direito de usar obras protegidas por direitos autorais, como livros, filmes e arte, para treinar seus modelos. Segundo o jornal New York Times, a Meta pediu à Casa Branca que emitisse uma ordem executiva para "esclarecer que o uso de dados publicamente disponíveis para treinar modelos é inequivocamente um uso justo". O plano desta quarta-feira não tem menções à lei de direitos autorais, mas Trump usou boa parte do discurso para abordar a questão.

De acordo com o presidente, não é possível liderar a corrida da IA no mundo se as empresas encontrarem dificuldades regulatórias para treinar seus modelos. Ou seja, os conteúdos precisam ser livres para que as Big Techs, em sua maior parte, possam ter conteúdos atualizados e em volume para evoluir suas IAs - os dados são um importante ativo para que os modelos possam aprender como o mundo funciona e replicar o pensamento humano.

"Se nós lemos um artigo e aprendemos com ele, temos que permitir que a IA use esse conjunto de conhecimento sem passar pela complexidade das negociações contratuais. A China faz isso e se quisermos bater a China temos que fazer isso também", disse Trump durante o discurso.

Já em janeiro, o governo Trump revogou a ordem executiva emitida no governo Biden que previa um controle mais rígido do desenvolvimento de IA, incluindo a avaliação de risco de modelos de IA. Para garantir o mínimo de controle, o documento afirma que poderá deixar de direcionar recursos de IA para Estados com leis mais restritivas, como a Califórnia, cujo governador democrata Gavin Newson vem incomodando Trump em diferentes frentes, como imigração.

O relaxamento de leis também é citado na sessão que fala sobre o avanço em infraestrutura. Para construir data centers, fábricas de semicondutores e infraestrutura de energia, o documento afirma que o atual "sistema de licenciamento ambiental da América e outras regulamentações tornam quase impossível construir esta infraestrutura nos Estados Unidos com a velocidade necessária". Assim, a ideia é que o plano abra exceções para a construção de data centers e que leis ambientais sejam dribladas na liberação de obras.

O impacto ambiental da infraestrutura de IA é um dos principais pontos de preocupação de especialistas, especialmente pelo consumo excessivo de água para manter os sistemas de resfriamento dos data centers e o uso intenso de energia elétrica, que pode exigir fontes "sujas" de abastecimento.

Combate ideológico

Logo no começo, o plano também afirma que sistemas de IA devem estar alinhados aos ideais americanas e à liberdade de expressão. Assim, o governo vai eliminar referências a "desinformação", "diversidade", "equidade" e "inclusão" e "mudança climática" dos guias de gestão de riscos de sistemas de IA do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia.

Como resultado o plano também prevê que o governo federal faça contratações apenas de empresas que "garantam que seus sistemas sejam objetivos". A inclusão desta sessão é mais um aceno de Trump para sua base, já que especialistas em IA não apontam para viés de sistemas como ponto chave para garantir soberania tecnológica frente à China.

Os conservadores acusam as empresas de tecnologia de desenvolver modelos de IA com viés liberal progressista. A maioria dos sistemas é treinada com enormes quantidades de dados da web, então supostos vieses precisariam ser ajustados em filtros.

Influência

O plano também convoca o pais a manter sua influência global no setor. Para exportadores de hardware, modelos, software, aplicações e padrões), o documento destaca que é importante abastecer aliados e parceiros, pois a falha em atender a essa demanda levaria esses países a "recorrerem rivais". Por outro lado, o documento afirma que é necessário impedir que "adversários" tenham acesso às tecnologias americanas.

O documento também prega aumentar a influência em organismos internacionais. Nele, há uma preocupação explícita em "Contrapor a Influência Chinesa em Organismos de Governança Internacionais".

O plano observa que muitos esforços internacionais de governança da IA, incluindo aqueles propostos por organismos como as Nações Unidas, a OCDE, o G7, o G20, a União Internacional de Telecomunicações e a Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), foram influenciados empresas chinesas que "promovem agendas culturais que não se alinham aos valores americanos" e que resultam em regulação pesada em diferentes países.

Como já repetidas outras vezes, o plano de Trump também quer tirar da Ásia e devolver aos EUA a produção de semicondutores e outros componentes importantes para a tecnologia.

Estadão
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