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Inovação

Cidades do interior paulista investem em transformação digital para melhorar sustentabilidade

Após cinco anos de digitalização, Americana evitou o uso de 96 toneladas de papel; Nova Odessa iniciou processo semelhante há quatro meses

24 set 2025 - 15h27
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Em cinco anos, Americana, no interior de São Paulo, evitou o uso de 96 toneladas de papel com a digitalização de processos municipais. O volume dá uma ideia do impacto da transformação digital no setor público. Para produzir tanto papel, seriam necessários cinquenta milhões de litros de água e quase três mil árvores.

"Dá para fazer um belo bosque com essas árvores", disse Eduardo César, diretor administrativo da prefeitura, durante o painel "Digital e limpo: o desafio de reduzir o impacto ambiental da tecnologia", parte da programação do Cidade CSC, maior evento sobre cidades inteligentes da América Latina.

O evento CSC - Connected Smart Cities 2025 está sendo realizado no Expo Center Norte, em São Paulo
O evento CSC - Connected Smart Cities 2025 está sendo realizado no Expo Center Norte, em São Paulo
Foto: Helcio Nagamine/ Estadão / Estadão

O exemplo da digitalização de Americana coloca em primeiro plano o impacto que iniciativas de digitalização podem ter na sustentabilidade de cidades, ao mesmo tempo em que mostra como é indispensável que tragam benefícios claros para a população, como facilidade no acesso a processos, transparência e rapidez.

"Você pode ter o melhor sistema do mundo, mas se o cidadão não for beneficiado, não é uma cidade inteligente", afirmou César. Com quase 240 mil habitantes, Americana tem o Selo VerdeAzul do Estado de São Paulo, certificação que reconhece iniciativas de sustentabilidade.

Nova Odessa, com pouco mais de 60 mil habitantes, tem o mesmo selo. Por lá, a digitalização dos processos municipais é mais recente - começou há quatro meses - e hoje é o carro-chefe dos esforços de transformação digital no município, explicou Leandro Souza, diretor de Tecnologia da Informação da cidade.

Antes, um dos focos do trabalho de Leandro foi na otimização do uso da energia na infraestrutura digital da cidade. "A realidade que tínhamos era de 400 computadores que estavam ligados o tempo todo, mesmo à noite", contou. Por meio de campanhas de conscientização e de um gerenciamento remoto que desliga máquinas inativas no período noturno, a prefeitura conseguiu reduzir o consumo de energia, economizar e reduzir a pegada de carbono.

Mitigar o impacto digital

A arquiteta e urbanista Carla Lupinacci, cofundadora do Portal 8, plataforma online de produtos sustentáveis para construção, chama a atenção para um equilíbrio delicado. Por um lado, a demanda por digitalização e adoção de novas tecnologias é inevitável. Por outro, elas trazem um potencial grande de impacto ambiental.

Claudia citou o ReData, projeto do governo federal que oferece incentivos para a instalação de data centers no Brasil. "Esses data centers são necessários, mas eles causam um impacto físico onde são instalados, então é preciso refletir sobre esse efeito", disse.

O argumento dela é que a discussão sobre avanços tecnológicos deve ser feita de forma mais ampla, considerando aspectos que vão para além da economia. Nesse sentido, os exemplos de Americana e Nova Odessa traduzem os três eixos da sustentabilidade: social, ambiental e econômico.

Leandro Souza, de Nova Odessa, contou que hoje um dos desafios da prefeitura é entender como a população da cidade reage à digitalização dos processos e identificar grupos que podem ser excluídos desse sistema, como idosos. É uma preocupação em linha com uma diretriz recente do Ministério das Cidades, que estabelece critérios para a transformação digital.

"Nós não podemos promover desigualdade enquanto promovemos soluções tecnológicas", explicou Leandro. "Nós precisamos auxiliar naquilo que for necessário e garantir que todos sejam integrados na nossa proposta."

Enquanto olham para o futuro, Americana e Nova Odessa não esquecem o que sempre deu certo. Em Nova Odessa, a prefeitura trata 100% do esgoto e utiliza os resíduos desse tratamento na arborização da cidade - que hoje ocupa 92% do território. Em Americana, nos últimos anos 150 hortas foram construídas em espaços subaproveitados, o que tornou a cidade uma referência em horticultura. Digitais, sim. Verdes, também.

Estadão
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