Projeto aprovado pelo Programa Nacional Aldir Blanc promove literatura e arte, com apoio de doações e diálogo com as comunidades locais, como o Quilombo Cultural Xambá, em Olinda.
A escritora recifense Odailta Alves e o artista visual Whittney de Araújo começaram a distribuição de geladeiras culturais para incentivar a arte literária em áreas periféricas de Recife. Elas serão instaladas em dez pontos de cultura.
As geladeiras são recicladas, pintadas com traços autorais e recheadas de livros arrecadados em campanhas de doação. O projeto Geloteca vai contemplar espaços comunitários de Camaragibe, Olinda, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes e Recife.
Do lado de fora, cada geladeira expõe uma pintura definida em diálogo com as comunidades, que escolheram símbolos e homenageados. No Quilombo Cultural Xambá, em Olinda, por exemplo, nomes como Mãe Biu e Guitinho do Xambá surgem como referências para a ilustração.
Parte do acervo de livros foi doado pelo coletivo literário Mala Preta, que promove a literatura negra pernambucana em feiras e saraus. Mas quem são as duas artistas que estão à frente do projeto aprovado pelo Programa Nacional Aldir Blanc?
Uma dupla de minas com pegada e atitude
Odailta Alves, de 46 anos, nasceu na favela de Santo Amaro, no Recife. Ela é professora antirracista, atriz e escritora independente. Publicou oito livros, entre poemas e contos. Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trabalhou na educação infantil, ama contar histórias e recitar poemas.
Whittney de Araújo tem 26 anos, é pintora preta e periférica. Construiu carreira no Brasil e no exterior, com premiações como a mostra internacional Embracing Our Differences, na Flórida (EUA). Participou da Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco, no Cais do Sertão. Neste ano, voltou a expor nos EUA e integrou a mostra Nuclear Pop, no Centro Internacional de Viena (Áustria).