Filho de porteiro e doméstica, Leandro de Souza, 43 anos, começou a trabalhar antes da adolescência, distribuindo jornais e revistas de bicicleta pelas ruas chiques do Rio de Janeiro. Após muitos corres, inclusive vivendo nos Estados Unidos, começou a vender churrasquinho, empreendimento que hoje alavanca um grupo empresarial prestes a faturar R$ 250 milhões até dezembro.
Mas não é só pelas dicas de empreendedorismo que vale a pena ler a entrevista a seguir. Leandro conhece a cultura do espetinho que, segundo ele, “nasceu no Rio de Janeiro, tem registros do final dos anos 80. O boom mesmo foi na década de 90. Alguns personagens lá nos subúrbios cariocas popularizaram essa cultura do churrasquinho de rua”.
Leandro foi segurança de boate, entregador, manobrista e até piloto de avião. Em 2011, abriu o Espetto Carioca, com a estratégia de oferecer mais opções além de carne, frango e queijo. Deu certo: o negócio cresceu, formando um grupo que atua em seis estados. Veja o que Leandro respondeu ao Visão do Corre sobre cultura do espetinho e empreendedorismo.
Por que o brasileiro gosta tanto de espetinhos?
Porque é um produto prático. Você come em qualquer lugar e de qualquer forma. Andando, em pé, sentado, na mesa, com prato, sem prato. E como a carne sempre foi um produto presente em nossas vidas, entrega praticidade e sabor.
O espetinho tradicional de carne é o campeão de vendas?
Sim. Esse é disparado o nosso carro chefe. Representa quase metade das vendas de espetinhos. Mesmo tendo mais de 15 sabores de espetinhos, o tradicional de carne é matador.
Depois de carne, vem qual?
Temos um bom consumo do espetinho misto, que é de carne com linguiça calabresa, também vendem bem coração e kafta. As opções podem chegar ao medalhão de carne envolto com bacon. Todos são muito saborosos. Sou suspeito.
Colocar um pedaço de gordura no espetinho é uma pequena malandragem?
Na verdade, posso chamar de marketing de experiência, pois o papel da gordura ali é mais para emitir o cheiro mesmo. Mexer com um dos sentidos. Muita gente gosta de comer gordura da carne. Mas vejo que o papel maior está na questão de trazer cheiro e suculência pra carne.
Qual o aspecto mais delicado do negócio de churrasquinho?
A variação de preço da carne é um desafio. Carne vermelha e frango sofreram muito com o pós-pandemia. Além do preço, temos a questão de tributação e logística também.
O que jamais fazer como empreender de churrasquinho?
Jamais trabalhe com um produto ruim. Independente do seu público-alvo, todos merecem um bom produto, macio e saboroso. Sobre não esquecer de fazer: busque sempre cruzar dois fatores importantes de sucesso: produto e serviço. Entregue um excelente produto, mas com um excelente serviço também. Um desses dois capengas, você terá problemas e dificuldades de fidelizar seus clientes.
Depois que o empreendimento com churrasquinho se estabelece, qual o próximo passo?
Investir em delivery eu diria que é um bom caminho. Aumentar a oferta de produtos pode ser um problema em relação a armazenamento, gestão, controle e produção, pois produtos diferentes demandam tempos de produção diferentes.