Rafael Soares, da Baixada Fluminense, superou a origem humilde e dificuldades financeiras para fundar a Santa Carga, empresa de totens de recarga de celular que deve fechar 2025 com mil unidades instaladas e fabricação própria.
O carioca Rafael Soares, 41 anos, cria da Baixada Fluminense, foi feirante, ambulante na praia de Copacabana, técnico em eletrônica, dono de lanhouse e de bar em Duque de Caxias. Foi nesse bar que ele teve a ideia de criar totens carregadores de smartphones, em 2019. Hoje, o negócio deve encerrar o ano com faturamento de R$ 52 milhões e mil unidades instaladas.
“Meu pai era soldador e minha mãe era dona de casa. Junto com a minha irmã mais nova, éramos aquela tradicional família brasileira pobre. Sempre que meu pai ficava desempregado, ele fazia bicos entre um emprego e outro. E em todos esses momentos eu o ajudava. Comecei a trabalhar com doze anos, auxiliando na venda de caldo de cana e pastel na feira”, relata Rafael.
O pai morreu quando Rafael tinha 16 anos. Ele foi à luta como ambulante na praia de Copacabana, auxiliar de escritório “e o que mais pintasse”. Odiou ser CLT e resolveu pedir demissão aos 19 anos. “Com a rescisão, abri uma loja de conserto de computador em frente à minha casa, mexia nos computadores da vizinhança. A partir dali começou a minha jornada empreendedora”, conta.
15 anos tentando diversos negócios
“Comecei a ganhar mais do que o salário-mínimo e com menos esforço do que no meu antigo emprego.” Um ex-patrão do pai decidiu investir no negócio, e juntos abriram cinco novas unidades em Duque de Caxias. Mas a empreitada não deu certo. Aos 20 anos, Rafael estava falido, em depressão, recorrendo a agiotas e contando com a ajuda da mãe, preocupada com a situação.
O empreendedor voltou, abriu lanhouses, vendeu e — num desses episódios que, mesmo anos depois, a gente relembra sem entender direito — tentou vender açaí para Caraçao, um país nas Pequenas Antilhas, ao sul do Mar do Caribe.
Em 2011, Rafael abriu o bar Dialeto Carioca, em Duque de Caxias, que atraía universitários da Unigranrio. Numa noite, enquanto celulares dos frequentadores do bar eram recarregados, um garçom derrubou água no smartphone de uma cliente. O proprietário pagou pelo prejuízo, mas teve a ideia que o faria prosperar como empreendedor.
Santa Carga, inspirada em acidente e nome de cachaça
Rafael ficou matutando e criou uma máquina de madeira com cabos para carregamento de celulares, equipada com uma tela que exibia o cardápio. “As pessoas começaram a procurar, perguntando como poderia anunciar na máquina, como ter na empresa. Precisava de um nome e vi na prateleira de cachaça a Santa Dose e ali nasceu a Santa Carga.”
O primeiro grande contrato, de 300 unidades, foi fechado com a Hyundai. Depois vieram hospitais, shoppings e restaurantes. Inicialmente produzidos em marcenaria terceirizada, hoje os totens são feitos em alumínio e saem da fábrica própria, em Duque de Caxias. Os totens têm capacidade para recarregar até 14 celulares, e previsão de gerar R$ 8 mil por mês em receitas de publicidade na tela de LED de 40 polegadas.
As telas dos totens exibem notícias de acordo com a geolocalização e podem veicular até 40 propagandas, com preço médio de R$ 250 cada. A Santa Carga oferece suporte na produção dos vídeos para os anúncios, sem custo adicional, com garantia de mil exibições ou o dinheiro de volta. A marca começou a aparecer em grandes eventos, como o Rock in Rio, e chegou a instalar um novo totem a cada 48 horas. Nada mal para o garoto pobre de Duque de Caxias, não é mesmo?