Transformar a paixão pelo esporte em um propósito capaz de salvar vidas. Essa é a trajetória de Marcelo Alves, ultramaratonista brasileiro que encontrou nas provas mais extremas do planeta uma forma concreta de impactar a vida de crianças em tratamento contra o câncer. Desde 2019, ele é o idealizador da The Hardest Run, considerada a maior corrida solidária da América Latina, que já destinou mais de R$ 10 milhões a hospitais infantis.
Apaixonado por esportes desde cedo, Marcelo decidiu ir além das corridas tradicionais e passou a testar seus próprios limites em maratonas e ultramaratonas disputadas sob condições extremas. Foi nesse processo que percebeu que cada quilômetro poderia representar mais do que superação pessoal. "As corridas me mostraram que o limite não é o fim, é o começo", resume o atleta.
Do esporte ao impacto social
A virada aconteceu em 2012, quando Marcelo estreou nas maratonas e ultramaratonas levando a bandeira da doação de medula óssea. Desde então, ele já participou de 18 provas internacionais, sempre carregando a bandeira do Brasil e a missão de conscientizar e ajudar causas sociais ligadas à saúde infantil.
Esse compromisso ganhou escala em 2019, com a criação da The Hardest Run, evento que une corrida de rua, caminhada e solidariedade. A cada edição, a prova bate recordes de público e arrecadação, convertendo inscrições em doações diretas para instituições que cuidam de crianças com câncer.
Na edição The Hardest Run 2025, o evento reuniu 16.237 participantes e arrecadou R$ 2.273.180,00. Todo o valor foi destinado à ampliação do Espaço da Família do Hospital Erastinho, além da construção de uma área exclusiva para cuidados paliativos pediátricos. "Quando cruzamos a linha de chegada, não é só a nossa vitória. É a vitória de cada criança que ganha mais conforto e esperança", afirma Marcelo.
Provas extremas que moldaram a missão
Entre os feitos mais marcantes de sua carreira está o World Marathon Challenge, desafio que consiste em correr 7 maratonas em 7 continentes em 7 dias. Marcelo foi o primeiro sul-americano a completar a prova, enfrentando do gelo da Antártida ao calor intenso de Dubai em um curto intervalo de tempo.
Na Antártida, o silêncio absoluto e as temperaturas extremas exigiam atenção constante. Já na Jungle Marathon, disputada na Floresta Amazônica, o desafio ultrapassou os 250 quilômetros, com calor acima de 40 °C, umidade elevada e total isolamento. "Foi uma das provas mais duras e, ao mesmo tempo, mais bonitas que já vivi", relembra.
Hoje, Marcelo Alves é mais do que um ultramaratonista. Ele se tornou símbolo de como o esporte pode extrapolar o desempenho individual e se transformar em ferramenta de solidariedade, levando esperança a milhares de crianças pelo Brasil.